Cidade com alta mortalidade faz triagem massiva com 16 mil testes rápidos para a doença
Mineradora local testa 100 funcionários em apoio ao projeto de Porteirinha (acervo/IntegraChagas Brasil)
O município de Porteirinha, localizado a 172 km de Montes Claros, foi escolhido como cidade-piloto do programa IntegraChagas Brasil, uma iniciativa do Ministério da Saúde que visa melhorar o diagnóstico e o tratamento da doença de Chagas. A cidade, que apresenta alta mortalidade pela doença e falta de dados sobre pessoas infectadas, está realizando uma triagem em massa com 16 mil testes rápidos. Além da população local, cerca de 200 cães também estão sendo testados, já que, embora não transmitam a doença, eles ajudam a identificar áreas de risco.
Estima-se que entre 2 e 4 milhões de brasileiros tenham a doença de Chagas, mas apenas 10% recebem tratamento adequado. Em apoio a um projeto, uma mineradora local está testando 100 funcionários que residem na região. “Caso o teste seja positivo, um segundo exame é feito para confirmação, e o funcionário passa a ser acompanhado pelo Programa de Doenças Crônicas da empresa e pela equipe de saúde local”, informou Aparecida Vaneandra Sousa Batista, do ambulatório da Mineração Riacho dos Machados.
Segundo Alberto Novaes, coordenador-geral do IntegraChagas Brasil e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), a escolha de Porteirinha como cidade-piloto foi resultado de uma análise da equipe técnica da Secretaria de Vigilância em Saúde e da coordenação do projeto. “O principal objetivo do projeto é alcançar populações em situação de risco e vulnerabilidade, ampliando o acesso ao diagnóstico e tratamento da doença, com o fortalecimento da atenção primária à saúde e do Sistema Único de Saúde (SUS)”, explicou Novaes.
Novaes destacou que tanto a comunidade quanto os profissionais de saúde desempenham papéis essenciais no sucesso da campanha. “A comunidade, além de ser o público-alvo, participa de processos de educação e prevenção sobre a doença, enquanto os profissionais de saúde conduzem a testagem e participam de atividades de capacitação para aprimorar o diagnóstico e o tratamento da doença de Chagas”, completou.
Liliane Martins Campos, coordenadora do projeto em campo, informou que, até o momento, cerca de cinco mil pessoas foram testadas, mas o objetivo é alcançar as 16 mil previstas até o fim do prazo, inicialmente estabelecido para fevereiro de 2025, com uma prorrogação já solicitada ao Ministério da Saúde. “Quando um teste dá positivo, coletamos uma amostra de sangue para confirmação laboratorial. Confirmada a infecção, o paciente é notificado e encaminhado para tratamento”, explica Liliane.
A coordenadora também destacou que a região apresenta características favoráveis à proliferação do barbeiro, inseto transmissor da doença, tornando difícil a erradicação completa do vetor. “A doença de Chagas é endêmica em algumas áreas do Brasil, e o projeto visa reduzir as complicações associadas à infecção, como problemas cardíacos e digestivos, por meio de diagnósticos precoces e tratamento adequado”, afirma Liliane.