Visando qualidade de vida e a busca por ar mais fresco, a turma de agentes da saúde de Montes Claros escolheram se reunir no Parque Municipal Milton Prates. (Larissa Durães)
Pesquisa realizada pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) constatou que quanto mais área verde uma cidade possuir, menos internações hospitalares por doenças respiratórias os habitantes terão. Os dados da análise foram coletados por meio do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (Datasus), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Secretaria Nacional de Trânsito e o Instituto Água e Terra (IAT) do Paraná.
Segundo o médico, Paulo Henrique Pimenta de Carvalho, que também trabalha na área de alergia respiratória em Montes Claros, as áreas verdes urbanas fazem com que as pessoas tenham uma melhor qualidade de vida, pois o ar fica mais respirável. Assim, diminui a poluição e com isso a capacidade de infecções de vias aéreas superiores, como gripes e resfriados. “Quanto maior a área verde mais úmida fica o clima da cidade e com menos poluição” comenta.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reporta que ocorrem quatro milhões de mortes anuais por doenças respiratórias, das quais 40% são por doenças pulmonares obstrutivas crônicas. Isto, porque, segundo Carvalho, a poluição leva consigo doenças respiratórias, como asma, infecções de vias aéreas superiores, de gripe e resfriado, e questões alérgicas. “E essas doenças podem levar a morte”, afirma.
Ainda de acordo com a OMS, 99% da população mundial respiram ar que excede os limites de qualidade recomendados. Além de inúmeros problemas de saúde, a poluição atmosférica causa sete milhões de mortes anuais em todo o mundo.
FLORESTA DE PEDRA
Para Carvalho, não basta somente as áreas verdes, deve também existir leis para controle de poluição, além de modificar a cultura através da educação. “Porque agora em tempo seco, as pessoas gostam de colocar fogo nas folhas e lixos. Isso também contribui para que as doenças respiratórias apareçam. Mas sem dúvida nenhuma, a implantação de áreas verdes vai melhorar muito o ar respirado pela cidade”, completa.
Por meio da pesquisa ficou claro que cidades que investem em Infraestrutura Verde Urbana (IVU), composta por praças, parques, jardins planejados, fragmentos florestais, reservas florestais urbanas, bosques e arborização, o impacto na saúde é sentido pela população.
A dentista Cristina Ramos sabe o que isto significa. Moradora de um bairro bem próximo ao centro de MOC, onde a poeira, o calor e a sequidão tomam conta, a arborização é baixa. “Em uma cidade quente e seca como essa, em cada bairro deveria ter um parque. Se não for possível, uma praça muito bem arborizada. Por falta de arborização tenho que tomar toda quarta-feira uma vacina para alergia, lavar o nariz com soro. E quando tenho crises, preciso ir para o hospital e para tomar adrenalina pra parar a crise alérgica”, lamenta. Cristina tem renite alérgica e destaca que “não é fácil e nem barato morar longe de uma área verde, além de ser prejudicial para a saúde”.
Visando qualidade de vida e a busca por ar mais fresco, a turma de agentes da saúde de Montes Claros, escolheram se reunir no Parque Municipal Milton Prates. “Antes a gente se reunia em um PSF da cidade, mas depois, decidimos vir para o Parque e agora não conseguimos reunir longe daqui”, diz um membro da equipe, Karen Michele Rodrigues Aguiar.
A agente de saúde relata ver nos atendimentos dos PSF da cidade, vários casos de pessoas com problemas respiratórios exatamente por falta de áreas verdes. “Normalmente são pessoas que moram em apartamentos. Como eles têm muito casos no PSF”, informa.