Mais da metade das brasileiras resiste a fazer o exame periodicamente nos consultórios ginecológicos
Apesar da fama de cuidarem mais da própria saúde que os homens, as mulheres ainda pecam por não se submeterem anualmente ao exame Papanicolau. Pelo menos 52% das brasileiras abrem mão do procedimento, de acordo com pesquisa recente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc). O teste é simples, feito em consultório ginecológico, e ajuda a prevenir o câncer de colo de útero, a quarta doença que mais mata mulheres no país.
Só em Minas Gerais, a estimativa do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) é de registro de 890 novos casos. O estado segue o cenário nacional, conforme a Sboc. Por aqui, 51% das mulheres costumam realizar o exame regularmente. O tratamento preventivo é eficaz, sendo que a incidência da doença pode ser reduzida em até 80%, caso o acompanhamento seja feito constantemente.
De acordo com a diretora da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (Sogimig), Thelma de Figueiredo e Silva, o procedimento deve ser feito pelo menos uma vez por ano depois do início da vida sexual da mulher. Em caso de incidência da patologia na família, o acompanhamento deve ser ainda maior. “As chances de cura são muito maiores com a detecção antecipada do problema. E isso não vale apenas para o câncer de colo de útero”, afirma a ginecologista.
A profissional lembra que outros exames devem ser feitos periodicamente para evitar doenças graves que acometem as mulheres. O ultrassom pode apontar alterações nos ovários e possível presença de células cancerígenas, e a mamografia avalia os nódulos nos seios antes que eles possam ser palpáveis.
SINTOMAS
Nos primeiros estágios, a doença pode ser assintomática. Nos casos mais avançados, porém, a mulher pode sentir dores durante a relação sexual, ter sangramentos espontâneos ou durante a penetração, e notar alguns corrimentos com mau cheiro.
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana, João Pedro Junqueira Caetano, a condição silenciosa da enfermidade prejudica a prevenção. “As mulheres só buscam o ginecologista quando sentem algo ou notam alguma coisa diferente. E, no caso do câncer de colo de útero, isso demora mais, já que a lesão é interna”, explica.
A correria do dia a dia também tem influência sobre a realidade da patologia no Brasil, apontam especialistas. Para Caetano, as pessoas só têm tempo para as doenças quando elas incomodam as atividades corriqueiras. “Não há o conceito de medicina preventiva. Ela é sempre para reparar algo que está ruim”, observa.