Saúde

Pandemia regride, mas mortes seguem em alta

Cartórios de Minas registram aumento de 15,7% no número de óbitos

Da Redação
Publicado em 01/12/2022 às 21:57.
Levantamento aponta que houve aumento de mortes por doenças respiratórias e do coração em 2022. (DIVULGAÇÃO)

Levantamento aponta que houve aumento de mortes por doenças respiratórias e do coração em 2022. (DIVULGAÇÃO)

Mesmo com aumento de vacinação e maior controle da pandemia de Covid-19, o número de óbitos em Minas Gerais ainda não retornou ao patamar anterior à crise sanitária no país. Levantamento inédito junto aos cartórios de registro civil do Estado aponta que, em números absolutos, foram registrados entre janeiro e outubro de 2022, 136.984 mortes, número 15,7% maior que os 118.348 ocorridos nos 10 primeiros meses de 2019 - antes da chegada do novo coronavírus. 

Em números absolutos foram registrados, entre janeiro e outubro de 2022, 136.984 óbitos, número 15,7% maior que os 118.348 ocorridos nos 10 primeiros meses de 2019, antes da chegada da Covid-19. 

Na comparação com os números dos anos onde a pandemia esteve no auge no estado, houve diminuição de 16,4% no número de mortes em relação ao ano passado (163.969) e aumento de 11,4% em comparação a 2020 (122.906).

O alto número de óbitos em 2022 chama mais atenção ainda se comparado à média de mortes ano a ano no estado, que variou, em média, 1,7% entre 2010 e 2019. E 2016 foi o que teve mais mortes (crescimento de 3,7%). Depois foi em 2021, auge da pandemia (aumento de 33,4% de um ano para o outro).
 
SEQUELAS DA COVID 
A coordenadora da Vigilância Epidemiológica e Imunização de Montes Claros, Aline Lara Cavalcante Oliva, avalia que antes da pandemia as pessoas se cuidavam e preveniam mais.

“Por exemplo, o hipertenso e o diabético faziam atividade física, pensavam mais na alimentação. Com a Covid-19, as pessoas ficaram muito tempo isoladas e mais ociosas. Então, as doenças ficaram mais descompensadas”.  Mas Aline ressalta que algumas doenças são sequelas da Covid.  

“Há pacientes que antes não tinham cardiopatia e diabete e pós-Covid começaram a apresentar níveis diferentes de glicose e, também, de batimentos cardíacos. O coração foi sobrecarregado por causa da doença”, salienta a coordenadora da Vigilância Epidemiológica e Imunização de Montes Claros. 

Os dados constam no Portal de Transparência do Registro Civil, administrado pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais, abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos praticados pelos 7.658 Cartórios de Registro Civil – presentes em todos os 5.570 municípios brasileiros –, e cruzados com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que utilizam como base os dados dos próprios cartórios brasileiros.

“Os números dos cartórios de registro civil mostram a realidade vivenciada pelos cidadãos mineiros. Ainda que os casos de Covid-19 tenham diminuído, registra-se o aumento de outras doenças cardiorrespiratórias, que podem ser causadas por sequelas do vírus. Com os dados coletados pelos Cartórios, é possível pensar em políticas públicas para prevenção a essas doenças”, destaca Genilson Gomes, presidente do Sindicato dos Oficiais de Registro Civil de Minas Gerais (Recivil).
 
DOENÇAS RESPIRATÓRIAS 
Um número que chama atenção no levantamento diz respeito ao de mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Entre 2019 e 2022, houve um salto de 181,8% nos registros de óbitos por esta doença respiratória. Em números absolutos, foram contabilizadas 541 mortes por SRAG nos 10 primeiros meses deste ano frente a 192 no mesmo período de 2019. 

Outro exemplo é o aumento no número de óbitos por pneumonia, que passaram de 13.565 entre janeiro e outubro de 2021 para 18.536 no mesmo período deste ano, crescimento de 36,6%. Em 2020, foram 14.027 mortes pela doença nos 10 primeiros meses do ano, enquanto 2019 registrou 16.222. O número de mortes pela doença apresentou aumento de 14,3% entre janeiro e outubro deste ano em comparação ao mesmo período de 2019 – antes da pandemia. 

Outra doença que apresentou crescimento em 2022 foram as mortes por septicemia: aumento de 19,5% de janeiro a outubro deste ano em relação ao mesmo período de 2019. Ao todo, foram computadas 16.673 mortes causadas pela infecção generalizada grave do organismo, enquanto em 2019 foram 13.956 óbitos no mesmo período.  

Já no auge da pandemia ( 2021 e 2020), foram catalogados respectivamente 14.473 e 13.841 óbitos por este tipo de doença, o que representa um aumento em 2022 de 15,2% em relação a 2021 e de 20,5% em relação a 2020.

Outro dado observado diante dos números de óbitos registrados pelos cartórios mineiros está relacionado ao crescimento de mortes por doenças do coração. Entre janeiro e outubro deste ano cresceram as mortes por causas cardiovasculares inespecíficas (47,9%), AVC (16,6%) e Infarto (18,7%) na comparação com o mesmo período de 2019, ano anterior à chegada da pandemia. Já na comparação com 2020, os aumentos foram de 23,8%, 14% e 7,7%. Em relação a 2021, as mortes por AVC cresceram 4,4%.

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