Municípios do Norte de Minas, região que não havia sido contemplada com a vacina contra a dengue no primeiro momento, receberam nesta última quinta-feira (2) as primeiras doses do imunizante que estarão disponíveis pelo SUS, para as crianças e adolescentes com idade entre dez e 14 anos. A iniciativa contemplou apenas seis dos 54 municípios da área de jurisdição da Superintendência Regional de Saúde (SRS). Juntos, eles receberão 7.083 doses.
Para Montes Claros são 6.577 doses; Mirabela (213); Claro dos Poções (119); Itacambira (69); Juramento (62) e Glaucilândia (43). Na primeira etapa da distribuição, foram considerados pelo Ministério da Saúde, critérios como população do município, que deveria ser igual ou superior a 100 mil habitantes e com alta transmissão de dengue nos últimos anos, presença do sorotipo 2 e maior número de casos no monitoramento de 2023/2024.
“No início, não recebemos, por falta de vacina e por não estarmos em critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Nesta remessa, agora, apenas os municípios da macrorregião receberam e em pequena quantidade”, explica Agna Menezes, coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da Superintendência Regional de Saúde (SRS), que recomenda não afrouxar os cuidados apesar de uma leve melhora no cenário. “Com relação ao número de casos notificados, percebemos uma redução, demonstrando uma melhora na situação epidemiológica”, confirma.
Consoante o último Boletim Epidemiológico, o Norte de Minas tem notificação de 77.652 casos prováveis de dengue, com 18.472 confirmados. Os óbitos confirmados são 18 e 29 mortes seguem em investigação. O sorotipo predominante na região é o 1, que corresponde a 96% dos casos. Já o sorotipo 2 representa um índice de 4%. Em Coração de Jesus e Salinas já foi detectada a circulação do sorotipo 3, conforme a regional de saúde.
Guilherme Sizilio é morador do Augusta Mota, bairro com um excesso de lotes que acumulam mato alto, lixo e água parada. Pai de adolescentes de 12 e 16 anos, afirma estar aliviado ao saber que ao menos um dos filhos poderá se vacinar. “O medo é tanto que fazemos vistorias semanalmente em casa. Todos usamos repelente e ventilador ligado 24h”, afirma o pai de Luiz Guilherme Sizilio.
Ele lamenta que nem todos tenham a chance de acessar o imunizante. “Se tivesse para mim, que tenho 50 anos, eu iria vacinar, com certeza”, anseia Guilherme. Ele terá que aguardar mais um pouco. A previsão do Governo Federal, que adquiriu todo o estoque do fabricante para 2024, cerca de 5 milhões de vacinas, é a de que elas cheguem até o final do ano. Para 2025, foram contratadas mais 9 milhões de vacinas a fim de ampliar o público alvo. Até lá, a meta é garantir que os vacinados recebam a segunda dose, três meses depois da primeira aplicação.
ESTRATÉGIAS
Na videoconferência realizada na última quinta-feira, com técnicos de imunização dos municípios já beneficiados com vacinas contra a dengue, Josiane Dias Gusmão, coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) em Minas Gerais, esclareceu que as secretarias municipais de saúde terão autonomia para elaborar suas próprias estratégias de imunização para o público de dez a 14 anos.
“Cada município conhece a sua realidade e, por isso, poderão adotar como estratégia a vacinação inicial dos adolescentes de dez e 11 anos e expandir, gradativamente, a faixa etária”, sugeriu a coordenadora.
Por sua vez, Aline Mendes Vimieiro, referência técnica da Coordenadoria de Imunização da SES-MG, lembrou da importância dos municípios registrarem a aplicação das doses da vacina no e-SUS, Atenção Primária à Saúde e no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI). Isso possibilitará ao Ministério da Saúde acompanhar a evolução da vacinação no Estado e, com isso, viabilizar o repasse de mais imunizantes para o complemento do esquema vacinal de duas doses, ou até mesmo expandir a vacinação para outros municípios. A segunda dose da vacina contra a dengue é administrada três meses depois da primeira.