Para deixar pais atentos

Neuropediatra alerta para sinais de Doença Renal Crônica em crianças

Leonardo Queiroz
29/03/2022 às 00:56.
Atualizado em 29/03/2022 às 10:57
 (Wesley Gonçalves/ divulgação)

(Wesley Gonçalves/ divulgação)

Não dá pra descuidar! A Doença Renal Crônica (DRC) atinge mais adultos do sexo masculino, o que leva muita gente a crer que restringe-se a idades mais avançadas, mas é fato que as crianças também sofrem com esse mal. E os pais devem ficar atentos. 

Alterações no aspecto da urina, infecções urinárias recorrentes, inchaço nos olhos e região abdominal, mudança na pressão arterial e déficits no crescimento e desenvolvimento sem justificativas cabíveis estão entre os principais sintomas. 

Na infância, o alerta mais comum é a infecção urinária, responsável por até 50% dos casos que evoluem para DRC avançada. 

A DRC é a incapacidade dos rins de efetuar suas funções adequadamente. A causa envolve eventos agudos, como quadros de lesão renal que se tornam crônicos. Pode ainda ser resultado da perda progressiva da função por outros fatores, principalmente má-formação congênita do trato urinário. 

A médica nefropediatra do Hospital Universitário Clemente Faria (HUCF), Anne Caroline Bicalho Fagundes explica que a DCR é uma patologia silenciosa e que no caso das crianças, os pais devem ficar atentos aos sinais de que algo não vai bem com os pequenos, vez que as lesões renais costumam evoluir mais lentamente e tem sintomas inespecíficos. Segundo a especialista, outros sintomas que merecem atenção são a fadiga, dificuldade de concentração, diminuição do apetite, sangue e espuma na urina, incômodo ao urinar, dor lombar, anemia e fraqueza.

Não há cura, mas o tratamento retarda ou interrompe a progressão da doença. “Quanto mais cedo o diagnóstico, mais chance terá o paciente de não evoluir ou evoluir tardiamente para tratamentos como a diálise e o transplante renal. A insuficiência renal pode ser tratada com medicamentos e controle da dieta”, afirma.
 
ESTATÍSTICA
Dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) aponta que o número de pessoas com DRC avançada é crescente, sendo que atualmente mais de 140 mil pacientes realizam diálise no país. Até 2040 projeta-se como a quinta mais comum no mundo.

“Hoje a gente sabe que a cada 10 crianças que evoluem em algum momento da vida para diálise, cinco apresentaram em algum momento infecção uriná-ria. Então, este pode ser o primeiro sinal de alerta aos pais que as crianças estão com problemas renais congênitos crônicos e que não são diagnosticados nos postos de saúde. É preciso investigar e procurar ajuda de um especialista”, reforça nefropediatra Anne Caroline.

Daniella Fernandes Medeiros, mãe da pequena Valentina Ianni, de 4 anos, relata ter levado um susto ao saber do diagnóstico da filha. A criança ficou em observação na pediatria do HUCF. “Minha pequena começou a sentir dores abdominais muito fortes e fomos orientados a procurar o hospital”, conta a mãe. “Ela tem uma síndrome e inchaço nos olhos. Foi o que me chamou a atenção. Levava ao alergista, tomava antialérgico e não resolvia. Nunca imaginei que uma criança poderia ter problemas renais, mas estou confiante que ela se recupere logo, pois 80% das crianças se recuperam quando diagnosticadas a tempo”, diz, acrescentando que o diagnóstico teve impacto em toda a família. “Não comemos mais com sal e a alimentação tem sido bastante balanceada”.
 
Funções renais
Entre as principais funções dos rins estão: limpar todas as impurezas e as toxinas do corpo; regular a água e manter o equilíbrio das substâncias minerais do corpo (sódio, potássio e fósforo); liberar hormônios para manter a pressão arterial e regular a produção de células vermelhas no sangue; ativar a vitamina D, que mantém a estrutura dos ossos, dentre outras.

Segundo a Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde (MS), estima-se que haja atualmente no mundo 850 milhões de pessoas com doença renal e a DRC causa pelo menos 2,4 milhões de mortes por ano, com uma taxa crescente de mortalidade. No Brasil, a estimativa é de que mais de dez milhões de pessoas tenham a doença.

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