Incidência desigual

Negras com baixa escolaridade: as mais acometidas por câncer do colo do útero

Da Redação* (Jornal Hoje em Dia)
Publicado em 28/11/2022 às 22:12.
Lesões que precedem o tumor não têm sintomas, mas podem ser descobertas por meio do Papanicolau; chances de cura chegam a 100% quando o câncer é diagnosticado na fase inicial (GUSTAVO FRING/PEXELS)

Lesões que precedem o tumor não têm sintomas, mas podem ser descobertas por meio do Papanicolau; chances de cura chegam a 100% quando o câncer é diagnosticado na fase inicial (GUSTAVO FRING/PEXELS)

A cada dez mulheres acometidas pelo câncer do colo do útero, seis são negras. A maioria tem baixa escolaridade, o que reforça o alerta sobre o atendimento desigual nos serviços de saúde. Especialistas destacam que a doença pode ser evitada e até mesmo erradicada no Brasil com vacina e exames preventivos.

A constatação está em uma publicação inédita da Fundação do Câncer, divulgada semana passada. O boletim que tenta chamar a atenção para a incidência da doença no país que o tumor, na forma mais grave, atinge 49 a cada 100 mil mulheres. A região Norte lidera os casos. A Sudeste tem a menor média de notificações.

Foram analisados dados populacionais e registros de mais de 300 hospitais do país de 2005 a 2019. “Os dados trouxeram informações que mostram o quanto é desigual o atendimento ao câncer do Brasil”, diz o epidemiologista e consultor médico da Fundação do Câncer Alfredo Scaff. 
O médico alerta para a necessidade de prevenção. As alterações das células que formam os tumores são facilmente descobertas nos exames.  
“Quanto antes fizermos o diagnóstico, melhor. Quanto mais precocemente conseguirmos fazer o diagnóstico, mais rápido é o tratamento, menos doloroso e maior a sobrevida das pacientes”, acrescenta Scaff.

De acordo com o diretor executivo da Fundação do Câncer, Luiz Augusto Maltoni, é preciso ter informações confiáveis e estratégias para o combate ao câncer de colo de útero, que é um tipo de câncer que pode ser evitado e até mesmo eliminado do país.

“A gente ainda considera um câncer negligenciado. Sabemos a causa, tem como evitar, tem vacina nos postos de saúde e, ainda assim, temos incidência alta em algumas regiões”, diz Maltoni. “A gente precisa dar uma resposta para isso”, enfatiza.
 
PREVENÇÃO E SINTOMAS
A principal causa do câncer do colo do útero, segundo o Ministério da Saúde, é a infecção por alguns tipos de vírus chamados Papiloma Vírus Humano (HPV). Trata-se de um tipo de câncer que demora anos para se desenvolver. Conforme a doença avança, os principais sintomas são sangramento vaginal, corrimento e dor.

Para evitar a doença, a principal recomendação, para todas as mulheres que já tiveram relação sexual, especialmente as que têm entre 25 e 59 anos, é fazer o Papanicolau, que é a coleta da secreção do colo do útero, utilizando espátula e escovinha. O material é colocado em uma lâmina de vidro para ser examinado posteriormente em um microscópio.

Além dos exames, a vacinação é uma forma de combater a doença. A vacina contra o HPV, é ofertada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nos postos de saúde. Ela é voltada para meninos e meninas de 9 a 14 anos.  

Podem também se vacinar homens e mulheres imunossuprimidos, de 9 a 45 anos, que vivem com HIV/aids, transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea e pacientes oncológicos.

Segundo o Ministério da Saúde, a vacinação em adolescentes é adotada em mais de 100 países. Na maioria existem estudos de impacto dessa estratégia com resultados positivos na prevenção e redução das doenças ocasionadas pelo vírus, como câncer de colo de útero, vulva, vagina, região anal, pênis e orofaringe.

*Com Agência Brasil
 

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