Foram realizadas 490 intimações fiscais pelo setor de lotes vagos em janeiro (ARQUIVO PESSOAL E CCZ DE MOC)
Doença causada pela picada do mosquito Aedes aegypti, a chikungunya não tem poupado os montes-clarenses neste início de ano. De norte a sul da cidade há relatos de casos da doença que afeta a todos, sem distinção.
O acadêmico de Medicina Gustavo Guerra, morador do bairro Funcionários, há duas semanas está se tratando com analgésicos.
“Assim como a dengue, a chikungunya está como uma doença endêmica em Montes Claros. A tendência é que grande parte da população pegue. A recomendação geral é que mantenham a hidratação e atentem-se aos possíveis sinais de complicação hemorrágica”, ressalta Gustavo, acrescentando que não há critério que defina a predisposição que a pessoa tem de se contaminar. Para ele, é uma questão geografica.
“Quem está mais exposto, sem proteção, vai pegar”, avisa.
A esteticista Tânia Rizi, moradora do Bairro Ibituruna, conta foi contaminada mesmo usando repelente. Antes dela foi o filho Arthur, de cinco anos.
“Ele teve febre três dias seguidos e nenhum outro sintoma. Logo depois o corpo ficou como uma lixa. Fizemos exame e deu negativo para dengue e positivo para chikungunya. Em seguida, comecei com uma dor no corpo no domingo. Na segunda e terça não consegui sair da cama! Comecei a medicação para dor e inflamatório. Nos dois dias seguintes senti um cansaço sem tamanho e só dormia”, relata Tânia, que também ficou com aspecto de lixa no corpo e só começou a melhorar no fim de semana.
“Já estou sem sintomas, mas noto que se me esforço muito as articulações ficam inchadas, principalmente no tornozelo e dedos das mãos. Já meu filho está sem dores. Acredito que, talvez por ser criança, não tenha sequelas”, diz.
O jornalista Waldemiro Miranda, também morador do Ibituruna, não sabe como se contaminou. Ao acordar, na última sexta-feira, começou a sentir dores nas articulações.
“Como a dor era muito forte e não passava, procurei um reumatologista. Ele me indicou fazer o exame para confirmação na próxima semana, pois é necessário esperar sete dias após o primeiro sintoma, mas já dá como certo que é chikungunya”, diz o jornalista, que se recupera em casa.
FACES DA DOENÇA
A prefeitura de Montes Claros está veiculando propaganda com alerta para a doença, destacando que 95% da contaminação ocorre dentro de casa. Mas há quem discorde, como Renata Siqueira, moradora do bairro Planalto e também diagnosticada com a chikungunya.
“Em casa mantenho tudo muito limpo e tomo os cuidados. Mas em frente há um lote vago com muito mato e muito lixo. Pode ter sido a origem da minha contaminação. Não adianta cuidar em casa se a vizinhança e o município não cuidam”, ressalta Renata, que reclama de muitas dores.
No Bairro São José, região central da cidade, o morador José Maria gravou um vídeo pedindo atenção do município na limpeza urbana. Ele destaca que 70% dos moradores estão convivendo com a doença e pede a volta do “fumacê”, veículo que, em outros tempos, circulava pelos bairros da cidade, expelindo um inseticida para combater o mosquito e outras pragas urbanas.
O QUE DIZ A PREFEITURA
Procurado pelo O NORTE, o vice- prefeito e secretário de Serviços Urbanos, Guilherme Guimarães, afirmou que a pasta é a responsável pela notificação dos lotes vagos na cidade. E que, em média, são encaminhadas 300 notificações por mês aos proprietários para providenciar a limpeza dos espaços.
“Devido a alta incidência de chikungunya no país, foram realizadas 490 intimações fiscais pelo setor de lotes vagos no mês de janeiro. O aplicativo de denúncia da fiscalização recebe, em média, 120 denúncias mensais. Dessas, 40% das denúncias referem-se a limpeza de lotes vagos, na qual o contribuinte obtém a resposta da sua denúncia no prazo de até sete dias úteis”, informa Guilherme.
Além do aplicativo de denúncia, o contribuinte pode denunciar através do canal de comunicação do setor de lotes vagos na prefeitura pelo telefone (38) 2211-4230 .
Sobre o carro fumacê, Guilherme afirma que o veículo está passando nos bairros da cidade todos os dias. Em resposta a reclamação do morador do Bairro São José, ele informa ser um dos têm recebido frequentemente a limpeza – a última feita por estes dias.
A assessoria de comunicação e secretaria de saúde não informaram, até o fechamento da edição, quantos casos da doença foram notificados este ano.