Para a dentista Cristina Durães iniciativa é essencial para garantir a dignidade e melhorar a qualidade de vida dos pacientes (Arquivo pessoal)
Na próxima quarta (6) e quinta-feira (7), Montes Claros sediará o II Fórum de Discussão e Enfrentamento do Câncer de Cabeça e Pescoço em Minas Gerais, visando melhorar o atendimento aos pacientes e discutir os desafios da região. O evento, organizado pela Ação Solidária às Pessoas com Câncer (ASPEC) e a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, reunirá gestores de 46 municípios e profissionais de saúde.
Segundo dados da Coordenadoria de Redes de Atenção à Saúde da Secretaria Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros, do total de casos de câncer registrados no estado entre 2019 e o primeiro semestre deste ano, o Norte de Minas contabilizou 9,11% das notificações, correspondendo a 1.195 casos. Os diagnósticos confirmados no Norte de Minas estão distribuídos da seguinte forma por regiões de saúde: Montes Claros (362); Janaúba/Monte Azul (168); Brasília de Minas (128); Taiobeiras (101); Pirapora (83); São Francisco (69); Januária (67); Coração de Jesus (51); Bocaiuva (46); Salinas (45); Francisco Sá (44) e Manga (31).
O fórum discutirá soluções para ampliar o diagnóstico precoce e facilitar o acesso ao tratamento, além de destacar a necessidade de melhorias no Sistema Único de Saúde (SUS). O presidente da ASPEC, Marcelo Luiz Pedroso, enfatiza que o objetivo é garantir que os avanços do sistema privado também beneficiem pacientes do SUS, evitando diagnósticos tardios que dificultam o tratamento. Ele ressalta a importância da colaboração entre diferentes setores para promover um atendimento digno e eficiente.
“Precisamos que todos os setores — o terceiro setor, o município, o governo estadual e o governo federal. Que todos estejam unidos com o mesmo objetivo, que é colocar o paciente no centro do cuidado”, destaca Pedroso. Segundo ele, esse alinhamento é fundamental para avançar nas políticas públicas e nas melhorias do SUS, promovendo um atendimento digno, humanizado e eficiente.
Cristina Durães, especializada em prótese bucomaxilofacial, propõe a implementação de um serviço de reabilitação oncológica no SUS em Montes Claros, visando atender pacientes com mutilações faciais. Ela destaca a urgência dessa iniciativa para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e reduzir custos com deslocamentos.
Conforme Durães, uma das propostas do evento será justamente sugerir a criação de um ponto de referência para o atendimento de reabilitação oncológica na cidade, que contemple próteses de orelha, olho, palato e outras necessárias para reconstruir regiões afetadas pela doença. “A reabilitação é fundamental para que esses pacientes possam retomar suas vidas, conviver com suas famílias e comunidades, e até voltar ao trabalho. A criação desse serviço aqui pode não apenas diminuir o sofrimento dos pacientes, mas também gerar economia para o SUS, que gasta com deslocamentos e hospedagem em outras cidades,” explica.
Jaqueline Silva Santos, coordenadora estadual de saúde bucal e ações integradas da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, apresentou os planos do governo para investir em novas unidades de alta complexidade em oncologia no norte do estado e melhorar a estrutura dos hospitais. “O foco da equipe de saúde é a prevenção do câncer, especialmente do lábio e da cavidade bucal, por meio de campanhas de conscientização, promoção de hábitos saudáveis e diagnósticos precoces”, disse.
Ela informa que, recentemente, uma deliberação destinou R$ 500 mil aos municípios para apoiar a realização de exames anátomo patológicos e citopatológicos. “Além disso, a coordenação está preparando uma nova deliberação para garantir recursos para biópsias, facilitando a contratação de laboratórios universitários”.