Fevereiro Roxo

Mês destaca a consciência sobre o Alzheimer e suas dificuldades

Larissa Durães
larissa.duraes@funorte.edu.br
Publicado em 19/02/2024 às 19:00.
“Minha mãe não existe mais e nunca mais vai existir. Ela morreu, mas o corpo ainda está aqui. É terrível”, relata Mariel Casasanta sobre a mãe com Alzheimer (FREEPIK)

“Minha mãe não existe mais e nunca mais vai existir. Ela morreu, mas o corpo ainda está aqui. É terrível”, relata Mariel Casasanta sobre a mãe com Alzheimer (FREEPIK)

O movimento “Fevereiro Roxo” também ressalta a importância do diagnóstico precoce do Alzheimer, além de destacar outras condições relacionadas. Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz) em 2023, o Brasil enfrenta uma crescente epidemia de demência, com 1,7 milhão de diagnósticos em pessoas com 60 anos ou mais. Desse total, impressionantes 55% dos casos estão diretamente ligados à doença de Alzheimer, totalizando 966.594 indivíduos afetados. 

O Alzheimer é uma doença complexa que desafia pacientes, cientistas, cuidadores e comunidades. O geriatra, Thomaz Colares, destaca que há um desconhecimento cultural sobre os sinais iniciais da doença, o que pode atrasar o diagnóstico. “No entanto, em Montes Claros, há serviços públicos de referência em saúde do idoso, como o hospital universitário (HU), onde pacientes com suspeita de demência, incluindo Alzheimer, podem ser avaliados e diagnosticados. É crucial estar atento aos sinais precoces da doença para buscar assistência profissional”, destaca o profissional. 

Os principais sinais, segundo o médico, vão prejudicar a memória de fácil acesso do dia a dia; como recordar afazeres do trabalho, compromissos; além de nomes de pessoas próximas, a organização da própria casa, os trajetos que são feitos com frequência e, às vezes, dificuldade de localização temporal e espacial — “Tem também a síndrome do entardecer, também conhecida como síndrome do pôr-do-sol, que é caracterizada por uma ansiedade e inquietação que os cuidadores observam nos pacientes no final do dia, especialmente durante o entardecer e início da noite. Parece ser uma crise de ansiedade, mas, na verdade é uma agitação pura. Além disso, a desorientação espacial e temporal também é um aspecto marcante dessa síndrome”, explica o médico. 

“Outra questão preocupante é a inversão do ciclo sono-vigília, onde o paciente fica desperto e inquieto à noite, enquanto durante o dia pode apresentar sonolência. Essa agitação noturna muitas vezes está associada à confusão mental. Nesse cenário desafiador, a importância da educação e do apoio é fundamental”, diz Colares. 

‘ELA MORREU, MAS O CORPO AINDA ESTÁ AQUI’
“Essa doença é terrível! Teria sido mais fácil ver minha mãe com um câncer, porque teríamos esperança de cura ou melhora. O que não acontece com o Alzheimer. Minha mãe não existe mais e nunca mais vai existir. Ela morreu, mas o corpo ainda está aqui. É terrível”, diz a empresária, Mariel Casasanta, sobre a situação da sua mãe que há dez anos vive com a doença. “Terça (13) foi o aniversário dela, fez 79 anos. Mas desde os 69 que não está mais entre nós. É muito triste”, lamenta a filha.

Desde o início, a família usou recursos financeiros para buscar um diagnóstico e tratamento para a mãe. Passaram por diversos médicos até encontrar o diagnóstico correto, o que foi custoso e difícil. Para garantir dignidade à mãe, os gastos são consideráveis, incluindo cuidadores e medicamentos — “Tivemos que passar por vários médicos para descobrir o que ela tinha. Não é um diagnóstico fácil e, por isso, é muito custoso. Para dar dignidade a minha mãe, a gente gasta muito mesmo. E graças a deus que temos condição, porque depois do diagnóstico, tudo é muito caro, cuidadores e remédios”, comenta a empresária. 
 
CUIDADOS
“Quando um paciente tem Alzheimer, toda a família é afetada”, relembra Colares. Para aliviar um pouco esse fato, o geriatra informa que o tratamento com medicamentos é crucial para retardar os sintomas e facilitar a vida de todos os envolvidos. “Existem medicamentos gratuitos disponíveis na Secretaria Estadual de Saúde, onde um responsável pelo paciente pode obter acesso preenchendo um protocolo e passando por avaliação médica. Isso permite que medicamentos de alto custo, como os de primeira linha, sejam obtidos sem custo para o paciente, desde que sigam os procedimentos necessários”, avisa. 

O programa “Melhor Em Casa”, em Montes Claros, auxilia famílias com poucos recursos a cuidar de seus entes doentes. “A prefeitura disponibiliza agentes de saúde para cuidar dos pacientes em casa e depois monitora um membro da família para continuar o cuidado”, explica, a cuidadora Maria Angelina Jardim Martins, que, por experiência revela que os familiares são os mais afetados pela doença, pois testemunham a deterioração do ente querido, que muitas vezes esquece de tudo, inclusive dos próprios familiares, e não consegue realizar tarefas simples como se alimentar ou tomar banho.

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