Como mulher trans, Livian Venturini, reconhece a importância da prevenção e vai fazer o exame
O Movimento LGTBQIA+ dos Gerais (MGG) aderiu à campanha Novembro Azul, como forma de alertar a população trans e travestis sobre a importância de manter os cuidados com a saúde. Através do movimento, que é internacional, estão buscando mostrar, principalmente, a relevância da prevenção do câncer de próstata, que atinge predominantemente homens acima de 40 anos.
De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), somente em 2022, o câncer de próstata fez cerca de 18 mil vítimas no Brasil. O alerta anual busca sensibilizar os homens, grupo que muitas vezes enfrenta dificuldades em adotar uma rotina de cuidados preventivos e exames.
Esse não é o caso de Livian Venturini, colaboradora do MGG, que como mulher trans, pretende fazer o exame. “Nosso público de pessoas transgêneros, especificamente mulheres trans, como eu, somos um público invisibilizados em vários aspectos, principalmente na questão da saúde pública e na falta de políticas públicas voltadas para as transexuais e travestis. Então, o que devemos entender é que nós, como pessoas trans não redesignadas, que não fizemos a cirurgia de redesignação sexual, vulgarmente chamada como mudança de sexo, ainda temos próstata. Portanto, precisamos, necessitamos de um acompanhamento mais aprofundado a partir da idade específica de fazer o exame para a detecção do câncer de próstata”, alerta.
Para Livian, talvez a falta de conscientização não seja o único empecilho para que mulheres trans realizem o exame. Ela acredita que o constrangimento, e a falta de preparo dos profissionais no ambiente do SUS contribuem bastante. “O mais importante desse chamamento do Novembro Azul para mulheres trans e travestis, é a inclusão das pessoas transgêneros que tem próstata desde do começo do atendimento como chamar pelo nome que escolhemos, o respeito no atendimento em si, respeitando a maneira como a gente se veste, a maneira como a gente se comporta e como somos de fato. As pessoas da saúde têm que nos respeitar como somos.”, informa.
Para a psicóloga do MGG, Yasmin Medeiros, E fundamental que as mulheres trans e travestis tenham essa consciência sobre a importância da prevenção e façam os exames mesmo após a cirurgia de redesignação sexual. Ela ressalta que a ocorrência do tumor não está vinculada ao gênero, mas sim à presença do órgão. “Mesmo com a transformação da genitália masculina em feminina, a próstata permanece intacta. Portanto, é crucial que as mulheres trans sejam submetidas a esse procedimento e continuem o acompanhamento médico para garantir sua tranquilidade em relação a esse aspecto”, destaca.