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saúde

Jovens de MOC falam sobre impacto mental da pandemia

Pessoas entre 18 e 24 anos foram as mais afetadas, aponta pesquisa

Larissa Durães
Publicado em 13/03/2023 às 21:48.

(Arquivo Pessoal)

Pesquisa realizada pelo Estado Mental do Mundo, divulgado pela organização de pesquisa sem fins lucrativos Sapien Labs, apontou que existem 39% mais jovens de 18 a 24 anos relatando queixas de saúde mental por culpa da pandemia em comparação com à faixa etária de 55 a 64 anos. 

Como é o caso da estudante de enfermagem de Montes Claros, Ana Maria B. Rocha, de 22 anos. “Graças a Deus ninguém perto de mim morreu. Mas, meu pai tem doença autoimune e pegou covid, aí ficamos com muito medo dele morrer, mesmo não tendo sido internado. Isso, juntando com o fato de que tinha acabado de entrar no curso de enfermagem e ter que ficar em casa, tendo aulas a distância, e sem contato com a sociedade aumentou a minha ansiedade”, relata. “Cheguei a fazer tratamento psiquiátrico, e de um remédio pra ansiedade que eu tomava antes da pandemia, passou para três comprimidos por dia”, conta.

Curiosamente, uma das formas que esses jovens, incluindo Ana, encontraram para desafogar essa ansiedade, segundo o estudo, foi fazendo tatuagens. “Quando começou a pandemia eu tinha quatro tatuagens, com a pandemia, foi a época que mais brotou tatuagem em mim, hoje tenho 23”, admite. 

A pandemia também trouxe mudanças na forma como os jovens se relacionam e interagem socialmente, especialmente após a privação do ambiente escolar. “Lógico que tivemos dificuldades de voltar ao que éramos antes, acho que vai precisar de mais tempo, como no caso de alguns amigos que observei que não abraçam mais como antigamente. Eu gosto de abraçar, então, estou voltando ao contato físico com mais rapidez, mas outros nem tanto”, diz o estudante, George Fonseca. 
 
ÁLCOOL E DROGAS
Para a pesquisa, o declínio do bem-estar mental das gerações mais novas também pode estar associado ao aumento do abuso de drogas e álcool. “Deixei de beber em maio de 2020. Entretanto, devo admitir que em 2021, quando começaram a liberar voltei a beber e mais que antes, e meus amigos também, é como se quiséssemos recuperar o tempo que não bebíamos, e por causa da ansiedade de ter ficado em casa sem poder socializar”, ressalta George. 

“Isso aí vai se deslocando para vários fatores compensatórios, já a tatuagem tem a questão da marcação do território familiar, das redes sociais e das vidas mascaradas, onde todos são felizes e isso traz ansiedade e esses jovens ficaram muito tempo em telas devido a pandemia”, explica a psicóloga de MOC, Cláudia Guimarães.

Segundo ela, a Organização Mundial de Saúde (OMS), já sabia da existência de uma sociedade adoecida. “Com a pandemia, esses jovens que não sabiam lhe dar com a frustração e perdas tiveram que encarar algo superior, a morte. Eles e quem estão perto podem morrer, e isso foi bem frustrante para eles”, explica. “A solução é o alto conhecimento. É tentar entender quem é você e qual o seu lugar na sociedade, para isto é preciso, na maioria das vezes, se não se consegue sozinho, de uma ajuda profissional”, diz Cláudia.

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