Saúde

Feijão é vida saudável

Deixar de comer a leguminosa pode aumentar em 20% o risco de desenvolver obesidade

Raquel Gontijo (Hoje em Dia)
Publicado em 27/02/2023 às 22:35.
Pesquisa da UFMG mostrou a chance de desenvolver sobrepeso é 10% entre as pessoas baniram o feijão da dieta (@JCOMP/FREEPIK)

Pesquisa da UFMG mostrou a chance de desenvolver sobrepeso é 10% entre as pessoas baniram o feijão da dieta (@JCOMP/FREEPIK)

Retirar o feijão da dieta pode parecer uma atitude que favorece a perda de peso, mas gera efeito contrário, aponta estudo da Faculdade de Medicina da UFMG. A pesquisa mostrou que a leguminosa é um marcador de qualidade nutricional, essencial para a segurança alimentar.

“Quando a pessoa consome o feijão nas refeições, a composição do prato acaba ficando mais equilibrada, tem mais qualidade nutricional, o que colabora para a manutenção do peso”, afirma a nutricionista Fernanda Serra Granado, responsável pelo estudo.

Na pesquisa, um grupo de voluntários que não consumiu feijão teve 10% mais chance de desenvolver sobrepeso e risco 20% maior de obesidade. Já os que consumiram de forma regular, durante cinco ou mais dias da semana, tiveram 15% menos chance.

De acordo com a nutricionista Fernanda Serra Granado, responsável pelo estudo, além de ser um dos símbolos da alimentação tradicional do brasileiro, é um importante indicador da qualidade nutricional da dieta e elemento essencial para a manutenção da segurança alimentar.

“É garantia do cidadão brasileiro o direito a uma alimentação de qualidade. No entanto, sabe-se que nem todos possuem alternativas para manter uma dieta equilibrada e, nesta questão, o feijão possui inestimável valor social para os brasileiros”, disse a pesquisadora.

Na pesquisa, foram coletados dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, que incluíam 500 mil adultos, acompanhados de 2009 a 2019, por meio de entrevistas telefônicas.

Os participantes foram divididos em quatro grupos segundo a frequência de consumo semanal de feijão: não consumiam, baixo consumo (um a dois dias por semana), moderado (três a quatro dias) e regular (cinco a sete). Os dados foram ajustados para diversas variáveis, incluindo as comportamentais.
 
MENOS FEIJÃO NO PRATO
A diminuição do consumo da leguminosa entre os brasileiros vem gerando alarde entre os profissionais da saúde. Outra linha do estudo da UFMG mostrou a queda do alimento nos lares, de 2007 a 2017.  

A estimativa é que, em 2025, o brasileiro deixe de comer feijão de forma regular.

No estudo por sexo, os cientistas constataram que as mulheres são maioria no grupo de consumo não regular. Para Fernanda Granado, dentre as hipóteses estão a jornada dupla de trabalho, que dificultaria a preparação de alimentos naturais em casa, além da oscilação nos preços e a conveniência dos alimentos ultraprocessados e prontos para o consumo.
 
ULTRAPROCESSADOS
A oscilação no preço também tem papel fundamental na troca por alimentos prontos. A instabilidade acontece devido à inflação.  

Agricultura familiar fica em segundo plano, e o feijão acaba se valorizando nas prateleiras dos supermercados, de acordo com a pesquisadora.

Além disso, o estudo discute que há um sistema alimentar que influencia o perfil de consumo da população.  

“Em outras palavras, o padrão alimentar dos brasileiros é motivado por fatores externos, como propagandas publicitárias de ultraprocessados e disponibilidade, variedade e preço dos alimentos saudáveis”, pontuou a nutricionista.

Ela sugeriu a implantação de medidas regulató-rias e fiscais para uma alimentação saudável, juntamente com a taxação de ultraprocessados e mais adequações na rotulagem dos alimentos.

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