MORTE E INTERNAÇÃO

Exames de dois casos suspeitos de raiva em Minas devem ficar prontos ainda esta semana

Clara Mariz
Do HD
27/04/2022 às 00:38.
Atualizado em 27/04/2022 às 09:42
Dois casos foram confirmados em crianças mordidas por morcego enquanto brincavam As pessoas que tiveram contato com as crianças contaminadas e com os casos suspeitos receberam, além da vacina, o soro antirrábico (Governo do estado de Santa Catarina/Divulgação)

Dois casos foram confirmados em crianças mordidas por morcego enquanto brincavam As pessoas que tiveram contato com as crianças contaminadas e com os casos suspeitos receberam, além da vacina, o soro antirrábico (Governo do estado de Santa Catarina/Divulgação)

Os exames de dois casos suspeitos de contaminação humana pelo vírus da raiva, um deles resultando em morte, em Minas, devem ficar prontos ainda nesta semana. A informação foi confirmada nesta terça-feira (26) pela subsecretária de Vigilância em Saúde, Herica Vieira Santos. Os casos são investigados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG).

Outras duas contaminações da doença já foram confirmadas no Estado. Todos os pacientes são moradores da zona rural de Bertópolis, no Norte de Minas. O governo do Estado afirmou que, mesmo com o surto, os casos foram considerados “isolados” e não afetaram outros municípios. 

“Os casos que temos registrados são provenientes de acidentes com morcegos. Foram casos pontuais, e as duas crianças contaminadas estavam brincando e foram mordidas pelo mesmo morcego. Isso dá uma certa segurança porque aponta que é um caso isolado e um acidente com um mesmo animal contaminado”, explicou Herica.

O primeiro caso foi confirmado em um garoto de 12 anos, que veio a óbito no dia 4 de abril. O segundo, em uma menina de 12 anos, foi notificado no dia 5 do mesmo mês e confirmado na terça-feira (19). As duas contaminações foram provocadas pela mordida de um morcego hematófago. 

No dia 17 de abril, outra criança, desta vez com 5 anos, morreu. Apesar de não apresentar sintomas clínicos, nem sinais de mordidas ou arranhões, os médicos optaram por investigar as causas do óbito, devido à proximidade geográfica das ocorrências.

O quarto caso foi notificado na última quinta-feira (21). A suspeita da doença foi identificada em uma menina de 11 anos, que apresentou sintomas como febre e dor de cabeça constante. Além disso, ela tem um parentesco com a outra garota, de 12 anos, internada em BH.
 
VACINA
Diante das ocorrências, a Secretaria de Estado de Saúde adotou um protocolo de “bloqueio vacinal”, ministrando a vacina antirrábica humana à população da comunidade onde os casos foram registrados.

“Desde o dia 4 de abril, quando fomos notificados do primeiro caso suspeito, estamos realizando ações contra a doença. O bloqueio vacinal está limitado à comunidade rural onde ocorreu o acidente. São cerca de 1.100 pessoas imunizadas”, disse a subsecretária. 

As pessoas que tiveram contato com as crianças contaminadas e com os casos suspeitos receberam, além da vacina, o soro antirrábico. 

Apesar disso, nenhuma medida foi tomada para impedir que a infecção aconteça na área urbana de Bertópolis. Segundo a subsecretária da SES-MG, a pasta acredita que o surto foi pontual e local, não havendo a necessidade de intervenções em outras regiões. 

Equipes do Ministério da Sáude estão na cidade realizando estudos para tentar identificar as causas do possível surto. 
 
CONTAMINAÇÃO
O vírus da raiva é transmitido a partir da saliva de um mamífero contaminado. Os casos mais comuns de contaminação são por mordidas, arranhões e lambidas em machucados. 

Apesar de o transmissor mais comum da doença ser o morcego, há também contaminação da “raiva doméstica” ou “raiva urbana”, em que o vírus é transmitido por cães e gatos. 

De acordo com a primeira tesoureira da Sociedade Brasileira de Virologia, a virologista veterinária Maria Isabel Maldonado Coelho Guedes, o objetivo do vírus da raiva é chegar ao sistema nervoso central – o cérebro e a medula –, onde ele consegue se replicar mais rapidamente. Nesse estágio, os sintomas são confusão mental, alteração cognitiva, paralisia da musculatura do sistema respiratório e convulsões. 

“Quando já está no sistema nervoso o prognóstico, infelizmente, é desfavorável. E esse é o caso da menina que está internada em Belo Horizonte pela doença. Ela já está com a sintomatologia neurológica muito avançada”, diz a especialista.


 

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