Logotipo O Norte
Sábado,13 de Dezembro
Novos direitos

Esperança para pacientes: Lei Federal reconhece fibromialgia como deficiência

Márcia Vieira
marciavieirayellow@yahoo.com.br
Publicado em 05/12/2025 às 22:40.

A partir de 2026, entra em vigor a Lei Federal nº 15.176/2025, que reconhece a fibromialgia como deficiência e garante aos pacientes direitos como acesso ao tratamento multidisciplinar, inclusão social e profissional, benefícios previdenciários e assistenciais, cotas em concursos públicos e isenção de impostos, entre outros.

“A lei estadual já existe e a ampliação dessa lei poderá facilitar o ambiente para pessoas que vivem com a doença”, disse o reumatologista Thiago Henrique Guimarães, do hospital das Clínicas Mário Ribeiro, durante o 1º Congresso Regional de Pessoas com Deficiência (PcDs), realizado pela Associação das Pessoas com Deficiência de Montes Claros (Ademoc). Conforme o profissional, “o diagnóstico precoce da fibromialgia é muito importante para ser feito um tratamento direcionado, individualizado, para ocorrer a melhora da qualidade de vida”, diz.

Durante a palestra, Thiago destacou que, por ser uma doença invisível, uma das dificuldades que o paciente enfrenta é o reconhecimento da sua condição. “Não é uma doença aparente, mas é real, a dor está ali. Não tem cura, mas tem tratamento, eu sempre reforço isso. O tratamento é individualizado, nós temos vários medicamentos para serem utilizados, mas é fundamental a reabilitação, os exercícios físicos, a terapia multidisciplinar em dor”, explica. O tratamento, diz o médico, envolve vários profissionais além do reumatologista, entre eles, psicólogo, educador físico, fisioterapeuta e terapeuta ocupacional. “Dessa forma, a gente consegue aliviar os sintomas e trazer de volta a qualidade de vida, levando a um bom controle da doença por longo prazo”, afirma. Quanto aos medicamentos, Thiago diz que são bem específicos, que os analgésicos comuns não resolvem e daí a importância do diagnóstico preciso e acompanhamento.

Trabalhadora rural, Evanilde Gonçalves é acompanhada pelo reumatologista e diz que, apesar das dores, sempre tenta sorrir, assim como é orientada pelo médico. Membro de um grupo de WhatsApp que reúne fibromiálgicos, ela diz que a esperança é de que as políticas públicas melhorem e as pessoas consigam acesso ao tratamento. “Falta muita coisa. A maioria das pessoas com fibromialgia ainda não conseguiu sequer chegar ao reumatologista pelo SUS, e esse é o profissional que cuida de nós. Mas precisamos também de outros, e não temos uma equipe de médicos para atender. Os medicamentos para fibromialgia não temos pelo SUS. Espero que a lei traga para nós essa atenção”.

Roseane Fonseca foi diagnosticada em 2014, mas só começou a medicação dois anos depois. Ela saiu do trabalho em um colégio para uma loja, onde informalmente presta serviço. “Não consegui mais trabalhar. Estou tentando um benefício. Fiz o curso de técnico em radiologia, mas acredito que não consigo trabalhar, pelo menos por enquanto”, relata. A vida, segundo Roseane, foi completamente alterada em função da doença.

Cida Oliveira conta que nunca mais foi a mesma depois do diagnóstico. “Desde 2012, sofro com isso e não queria aceitar. Eu mesma dizia ser frescura, mas agora, com 54 anos, tenho sentido o peso dessa doença. As coisas que fazia, não faço mais. Tudo mudou, as roupas, calçados e forma de viver. Às vezes bate uma sensação de inutilidade, a gente se afasta dos amigos, por vergonha de não poder ajudar como antes. Pequenas coisas que às vezes nos fazem querer desistir. Estou vivendo pela fé”, conclui.

Compartilhar
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por