A campanha Setembro Amarelo tem como objetivo conscientizar a população e prevenir o suicídio. Ao longo do mês, a iniciativa busca romper o silêncio sobre o tema, promovendo diálogos abertos e incentivando a busca por ajuda profissional. O dia 10 de setembro marca o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas o assunto deve ser tratado ao longo de todo o ano. Segundo dados oficiais, o Setembro Amarelo é a maior campanha antiestigma do mundo. Este ano, o lema é “Se precisar, peça ajuda!”.

Embora a campanha não seja direcionada exclusivamente ao ambiente laboral, a relevância do local de trabalho nesse contexto é inegável. A organização do trabalho pode exercer um impacto significativo na saúde mental dos colaboradores, tornando essencial a discussão sobre o assunto nas empresas.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, foram registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, sem contar as subnotificações. O número no Brasil chega aproximadamente a 14 mil casos por ano, ou seja, a cada dia, em média 38 pessoas tiram a própria vida.

Segundo o psicólogo Luiz Paulo Pereira Prates, o Setembro Amarelo é crucial para sensibilizar e educar as pessoas sobre a importância da prevenção ao suicídio e a importância do cuidado com a saúde mental. “Ao se pensar no ambiente de trabalho, essa campanha promove diálogos abertos sobre o tema, ajudando, quebrando tabus e incentivando os colaboradores a buscarem ajuda quando necessário. Além disso, ao inserir a pauta da saúde mental no contexto corporativo, o Setembro Amarelo ajuda a identificar e prevenir o sofrimento emocional que pode surgir devido às pressões, desafios e estresses no ambiente de trabalho”, diz. 

Para o psicólogo, o estresse o constante e a pressão excessiva no ambiente de trabalho são fatores que contribuem significativamente para o desenvolvimento de problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e burnout. 

“Cada pessoa tem a capacidade de lidar e fazer a gestão de uma certa quantidade de pressão e estresse, mas quando o trabalhador é submetido a demandas insustentáveis, jornada de trabalho exaustiva, falta de apoio ou um ambiente tóxico, principalmente quando há a recorrência disso, sua capacidade de lidar e filtrar as pressões pode ser afetada, resultando em uma deterioração/desgaste emocional que, se não for tratada, pode levar a sérios problemas de saúde físico e emocionais”, completa Luiz. 

O psicólogo acrescenta que as empresas podem promover um ambiente de trabalho mais saudável, através da implementação de programas de apoio psicológico, oferecendo treinamentos sobre gestão de estresse e promovendo uma cultura de comunicação aberta. Medida de prevenção e cuidado, como flexibilização de horários, pausas regulares, incentivos ao equilíbrio entre vida profissional e pessoal, acesso a serviços de saúde mental, como terapia ou consultas psicológicas, e atividades de clima organizacional/lazer também são fundamentais. O papel das lideranças é central em cultivar um ambiente acolhedor, onde os funcionários se sintam ouvidos e valorizados.

“As políticas de prevenção ao suicídio nas empresas devem incluir desde a criação de espaços de diálogo, campanhas de conscientização e a oferta de suporte psicológico para os funcionários. A implementação eficaz passa por integrar ações educativas contínuas, práticas de prevenção e promoção da saúde biopsicossocial e não apenas durante o Setembro Amarelo. Ouvir os colaboradores é essencial, pois suas necessidades, percepções são valiosas para identificar pontos críticos de estresse e áreas a melhorar. Acolher feedbacks e realizar pesquisas internas auxilia as empresas a identificar, traçar e colocar em prática as políticas mais adequadas, proporcionando um ambiente mais seguro e humanizado”, completa o psicólogo. 

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