(MARCUS FERREIRA/AGENCIA MINAS GERAIS)
O Brasil tem hoje uma taxa de mortalidade materna de 62 casos a cada 100 mil nascimentos. A meta estabelecida pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) é de 35 para 100 mil, mas apesar dos avanços nos últimos 20 anos, o país não tem conseguido alcançar esta marca. As ações para reduzir esse índice de perdas foram temas do I Simpósio Colaborativo: Morte Materna e Responsabilidade Social, em Belo Horizonte. O evento, realizado em decorrência do Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna (RMM), foi resultado de uma parceria entre os órgãos de Saúde do Governo de Minas Gerais: Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) e a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig).
O vice-presidente da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), Paulo Tarcísio Pinheiro, ressaltou que é necessário discutir sobre o impacto de uma morte materna na sociedade, e quais as estratégias que profissionais e cidadãos devem colocar em prática para reduzir os números desta ocorrência tão grave. “Não importa se é um centro de saúde básico, uma UPA ou uma maternidade de baixa complexidade. O atendimento à gestante não pode ser negado de forma alguma”, enfatizou Pinheiro.
O momento foi de grande importância para promover a reflexão sobre a questão da mortalidade materna no estado, e apresentar políticas efetivas para que se possa atingir a meta de redução de óbitos.
Discussões
A professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Marlise de Matos Almeida, destacou a desigualdade de gênero e das opressões às quais muitas mulheres ainda estão submetidas o Brasil, e como estas diferenças culminam em fatos graves como a mortalidade materna.
Já Maria Esther Vilela, representante do Ministério da Saúde no simpósio, explanou sobre o panorama e diretrizes nacionais para redução da mortalidade materna no Brasil. Segundo ela, algumas das estratégias que devem ser adotadas são: fortalecer o planejamento reprodutivo das mulheres, qualificar o pré-natal, formar enfermeiros obstétricos, e oferecer atenção humanizada ao abortamento e distribuição de contraceptivos como o DIU.
“É preciso desenvolver uma nova cultura institucional no ‘cuidar’, e nas relações entre os sujeitos, valorizando as queixas das mulheres, criando protocolos, incentivando treinamentos e acabando com as negligências. Mais de 90% destas mortes são evitáveis, e pelo menos 40% das mortes estão relacionadas a práticas inadequadas de atendimento ao parto.”, afirma Maria Esther.
Comitês de Prevenção
A presidente do Comitê Estadual de Prevenção à Mortalidade Materna, Infantil, e Fetal do Estado de Minas Gerais, Regina Amélia Aguiar, falou sobre a atuação do grupo. Para ela, é necessário que os comitês não se agreguem apenas a grupos técnicos, mas contem com a participação da humani-zação de organizações da sociedade civil. “É necessário realizar uma busca ativa, mais do que quantitativa, para entender o real motivo da morte destas mulheres”, afirmou a presidente do comitê. Agência Minas