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Terça-Feira,29 de Outubro
saúde

Educação é arma de médicos para conter avanço do diabetes

Brasil tem cerca de 15,7 milhões de pessoas com a doença

Da Agência Brasil
Publicado em 14/11/2022 às 21:49.

(Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A campanha que marca o Dia Mundial do Diabetes, comemorado nesta segunda-feira (14), tem como tema este ano Educação para Proteger o Amanhã, com o objetivo de conter o avanço da doença. De acordo com o Atlas do Diabetes 2021, divulgado pela Federação Internacional de Diabetes (IDF), a doença é uma preocupação global: um em cada dez adultos vive com diabetes no mundo. São mais de 537 milhões de pessoas com idade entre 20 e 79 anos com a doença, e quase metade ainda não foi diagnosticada.

Segundo a IDF, que escolheu o tema da campanha, somente nas Américas do Sul e Central, 32 milhões de adultos sofrem de diabetes, e o número pode chegar a 49 milhões em 2045. No ano passado, a doença causou mais de 410 mil mortes.

No Brasil, existem cerca de 15,7 milhões de adultos com a doença. O país é o 1º em número de casos na América Latina e o 4º no mundo, informa o presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, Levimar Araujo. Estima-se que, até 2045, a doença alcance 23,2 milhões no país.

A campanha deste ano é especial porque marca os 100 anos da primeira aplicação de insulina. “É um ano em que queremos chamar bastante a atenção (da população)”, disse Araújo.

Para o vice-presidente do Departamento de Diabetes Mellitus da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), Rodrigo de Oliveira Moreira, a educação é essencial, “tanto do profissional da saúde, para conseguir diagnosticar, como para tratar o paciente de forma adequada”. A Sbem estima que, atualmente, pelo menos 30% dos brasileiros com diabetes não sabem que têm a doença.

De acordo com a entidade, são pessoas que não estão sendo diagnosticados adequadamente. “Este seria o primeiro ponto na educação: melhorar o diagnóstico desses pacientes e permitir que os médicos saibam identificar os pacientes de maneira adequada”, afirmou o endocrinologista, em entrevista à Agência Brasil.

A campanha tem o objetivo de levar o paciente a conhecer a doença, suas limitações e o que precisa saber para se tratar. “É parte essencial para o tratamento. Vários estudos mostram que a educação no diabetes melhora o controle da doença, melhora os níveis de glicose, melhora o tratamento do diabetes de uma maneira geral”.

Todos os tipos da doença preocupam

Rodrigo Moreira enfatizou que todos os tipos de diabetes são preocupantes. Considerado uma doença autoimune, que aparece geralmente na infância ou adolescência, o tipo 1 representa de 5% a 10% do total de casos. É caracterizado pela baixa ou nenhuma produção de insulina pelo organismo, o que faz com que a glicose continue circulando no sangue, em vez de ser usada como energia. Isso aumenta a glicemia e causa uma série de danos ao corpo.

No diabetes tipo 2, que é mais comum (90% dos casos), o organismo não consegue usar adequadamente a insulina que produz, ou não produz insulina suficiente para controlar a taxa de glicemia – mais comum em adultos.

“A enorme maioria dos pacientes do tipo 2 está diretamente relacionada ao excesso de peso e à obesidade”.

Moreira ressaltou que se esses pacientes forem educados, inteirando-se da importância de uma dieta saudável, da prática de atividade física, haverá redução no número de pessoas com diabetes, e o tratamento se tornará muito mais fácil e efetivo.

Moreira disse que o diabetes do tipo 1 acomete menos de 10% das pessoas e aparece normalmente na criança. Uma grande preocupação da Sbem hoje é que o diabetes tipo 2, relacionado à obesidade, que era uma doença clássica de adultos, está aparecendo cada vez mais cedo. 

“E está se vendo um aumento significativo nos adolescentes, principalmente naqueles jovens com excesso de peso e sedentários”.  

O endocrinologista destacou que, por isso, é preciso que os pais e responsáveis se conscientizem da importância de abordar o problema do excesso de peso desde cedo, para que as crianças não desenvolvam o diabetes.

O médico reiterou que o paciente deve conhecer a doença, principalmente aquele que tem diabetes tipo 2, que é complexo e envolve muitos aspectos.  

“Quanto mais cedo conhecer a doença, o paciente vai ver que o diabetes se trata com mudança de estilo de vida, boa alimentação, atividade física. Quanto mais conhecer a sua doença, mais fácil será o tratamento. E quanto mais se conseguir educar os médicos de família, os clínicos, mais se poderá identificar e tratar precocemente o paciente.”

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