
Como antecipado ontem por O NORTE, a detecção da bactéria causadora da febre maculosa em um carrapato coletado no bairro Residencial Vitória levou o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) Regional de Montes Claros a emitir, nesta segunda-feira (13), um alerta epidemiológico. Com alta letalidade e maior incidência entre abril e outubro, a doença já soma 212 casos e 30 mortes em Minas Gerais desde 2022 — sendo 29 infecções e quatro óbitos apenas em 2024. Na região da Superintendência de Saúde de Montes Claros, há um caso confirmado em Serranópolis de Minas.
Os sintomas da febre maculosa incluem febre, dor de cabeça intensa, náuseas, vômitos, diarreia, dores musculares e vermelhidão nas palmas das mãos e plantas dos pés. Nos casos mais graves, pode haver gangrena, paralisia ou parada cardiorrespiratória.
A médica veterinária Silene Maria Prates Barreto reforça que o controle de carrapatos e o cuidado com os animais são essenciais para conter a disseminação. “As capivaras são as principais amplificadoras da bactéria no Brasil. Elas geralmente não adoecem, mas permitem que carrapatos do gênero Amblyomma — o carrapato-estrela — se infectem e transmitam a bactéria a outros animais e pessoas”, explica.
Segundo Silene, cães podem carregar carrapatos do ambiente rural para o doméstico, enquanto cavalos funcionam como “sentinelas”, indicando que o vetor circula na região. “Encontrar carrapatos em pets já é um alerta para a família. Mesmo sem sintomas aparentes, é sinal de risco ambiental”, afirma.
A veterinária orienta que tutores mantenham o uso regular de ectoparasiticidas (coleiras, pipetas ou comprimidos) sem intervalos entre as reaplicações e façam inspeção nos animais após passeios em trilhas ou áreas com capivaras e cavalos. Em fazendas, recomenda-se roçar pastagens, adotar protocolos de carrapaticidas e manter baias limpas e ensolaradas.
Silene lembra que não existe vacina contra a febre maculosa para humanos nem para animais. “O tratamento cura o indivíduo doente, mas não impede novas infestações. O que realmente quebra o ciclo é o controle contínuo dos carrapatos no animal e no ambiente”, destaca.
Para a população em geral, ela reforça medidas simples de prevenção: “Use roupas claras e adequadas em áreas de risco, inspecione o corpo e o dos animais após passeios e remova carrapatos com pinça, sem esmagar. E se houver febre até 14 dias após contato com áreas de mata, pasto ou locais com capivaras, procure atendimento médico e informe a possível exposição”.
A veterinária alerta ainda que o manejo de capivaras deve seguir a orientação dos órgãos ambientais, sendo proibidas medidas ilegais contra os animais. “A prevenção é o caminho mais seguro para proteger pessoas e pets da febre maculosa”, conclui.