Celebrado nesta última terça-feira (15), o Dia do Homem no Brasil foi instituído em 1992 pela Ordem Nacional dos Escritores com o objetivo central de encorajar os homens a adotarem práticas de saúde preventiva, conscientizando-os sobre a importância de cuidar do bem-estar físico e mental proativamente.
O servidor público Edvaldo Freitas acredita que é um dos raros casos em que, entre o casal, o homem é mais preocupado que a mulher quando se trata de ir ao médico. “Nessa parte, sou muito cuidadoso e costumo fazer os exames preventivos. Recentemente, fiz uma consulta com cardiologista e estou com exames para ele avaliar. Aqui em casa é o contrário. Minha esposa não gosta muito de ir ao médico e eu cobro dela”, conta.
Já o cinegrafista Vinícios Santos revela que a cobrança vem da esposa, e se deixar por conta própria, ele acaba adiando a visita ao médico. “O médico me passou uns exames e eu ainda não fiz. Só não digo que sou totalmente desligado, porque sou doador de sangue, então tem alguns exames que sempre tenho que fazer para poder doar. Mas são só estes que incluo na rotina”, afirma.
As principais doenças que afetam homens são cardiovasculares, como infarto e AVC, além do câncer de próstata, o mais comum após os 50 anos. Em 2024, Minas Gerais registrou 4.241 internações por câncer de próstata, com 292 óbitos, apresentando a maior taxa de internação no Brasil: 62,7 por 100 mil homens, superando a média nacional de 36,5/100 mil.
O urologista Thiago Godinho, do Hospital das Clínicas Dr. Mário Ribeiro da Silveira (HCMR), afirma que ainda existe um certo preconceito em relação ao exame de toque retal, que identifica a doença. “Muitos homens evitam a consulta por medo desse exame, seja por desinformação ou por mitos associados à masculinidade. Precisamos reforçar que o toque é rápido, simples e pode salvar vidas. Ele é complementar ao exame de sangue (PSA) e, juntos, aumentam a precisão do diagnóstico precoce do câncer de próstata, além de auxiliar na identificação de outras patologias”, diz o médico, ressaltando que, com informação e diálogo, é possível quebrar essas barreiras.
Para Thiago, em todas as idades é necessário que o homem incorpore a saúde preventiva e o cuidado começa na infância, quando pais e/ou responsáveis devem estar atentos ao desenvolvimento urológico, como fimose, testículo fora da bolsa escrotal, alterações do desenvolvimento, entre outras condições. “Já na fase adulta, especialmente após os 40 anos, a atenção deve se voltar para doenças como câncer de próstata, alterações hormonais, disfunção erétil, entre outras. É muito comum que os homens procurem ajuda médica apenas quando sentem dor ou percebem algum sintoma ‘muito errado’, mas, em todas as idades, o cuidado precoce faz toda a diferença”, alerta.
O especialista destaca que, de forma geral, o homem brasileiro ainda é muito resistente à prevenção, ao associar a ida ao médico a um sinal de fraqueza, ou acredita que, por não sentir nada, está tudo bem. Entretanto, diversas doenças, como câncer, disfunção erétil, hipertensão, problemas renais, diabete, entre outras, podem evoluir silenciosamente por anos, segundo o especialista. “Aproveito essa data para reforçar que diagnóstico e tratamento precoces garantem, na maioria dos casos, um cuidado mais tranquilo, com maior chance de cura e menor morbidade (menos sequelas). Cuidar da saúde não é apenas tratar doenças, mas principalmente evitá-las”, conclui.