Manter calendário vacinal das crianças atualizado é uma forma de proteção e também evita o retorno de doenças consideradas extintas (pexels)
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) vai realizar o reforço da campanha de vacinação contra a coqueluche em todas as regiões do estado. A medida, que será implementada a partir da próxima segunda-feira, 2 de dezembro, e segue até 31 de março de 2025, visa conter o avanço da doença após o registro de quase mil casos notificados e dois óbitos confirmados em 2023.
O anúncio foi feito pelo subsecretário de Vigilância em Saúde, Eduardo Campos Prosdocimi. Gestores municipais de saúde e coordenadores de núcleos hospitalares foram alertados sobre o recente caso confirmado de coqueluche em um menino de 11 meses, residente em Francisco Sá, município da área da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros.
Prosdocimi destacou a necessidade urgente de intensificar a vacinação, considerando o aumento das notificações da doença em Minas Gerais. “Preocupa a quantidade de casos da doença no estado e, para que em 2025 haja redução, é necessário colocar em prática um trabalho de intensificação da vacinação”, afirmou.
A médica Pediatra do Hospital Mário Ribeiro, Caroline Urias, explica que a vacinação é muito importante. “Hoje, a vacinação é uma política pública importante por conta do efeito de rebanho. É importante tanto para a criança quanto para as gestantes. Temos visto um movimento antivacina e muitas pessoas têm a tendência de não vacinar, o que propicia um cenário favorável para que doenças retornem. A questão da coqueluche vem numa proporção muita tranquila, mas para o recém-nascido, menores de 02 anos, pode ter efeitos graves como desconforto respiratório e até a intubação em casos graves”, ressalta a médica.
Consciência
Ana Maria Pereira França, mãe do João França de 1 mês de vida, internado na UTI Neonatal do Hospital Mário Ribeiro, em Montes Claros, conta que está ciente da importância da vacinação do filho. “A primeira vacina dele é com 02 meses e é muito importante que as mães vacinem para que os bebês estejam em segurança, protegidos contra várias doenças. A única segurança nesse momento que nossos filhos têm são as vacinas e estando vacinado, estará protegido”, afirma.
A intensificação da imunização será direcionada a grupos definidos pela Nota Técnica 40 do Ministério da Saúde. Entre eles estão profissionais de saúde que atuam em ginecologia, obstetrícia, UTIs, UCIs neonatais e serviços pediátricos, além de trabalhadores de berçários, creches e doulas que atendem crianças de até quatro anos.
Norte de Minas
A coordenadora do Cievs e da vigilância em saúde na SRS de Montes Claros, Agna Soares da Silva Menzesexplicou que em julho deste ano a Organização Pan Americana de Saúde (OPAS) emitiu alerta epidemiológico sobre o aumento dos casos de coqueluche na região das Américas. Até o momento, na área de atuação da SRS de Montes Claros neste ano foram notificados 28 casos suspeitos da doença e um caso confirmado em Francisco Sá.
“A criança, do sexo masculino, estava com situação vacinal incompleta. Diante dessa situação é fundamental investigar quais são as pessoas que integram o ciclo de contato da criança para que seja realizada a quimioprofilaxia (estratégia de prevenção de doenças infecciosas que envolve o uso de medicamentos para reduzir o risco de infecção em pessoas expostas a agentes infecciosos). Também é recomendada a vacinação seletiva de crianças com idade entre dois meses a seis anos (vacina DTPa ou pentavalente) e a identificação de possíveis novos casos da doença”, observa a coordenadora.