saúde

Consumo de álcool custa R$ 18 bilhões por ano ao país

Deste total, R$ 1,1 bilhão referem-se a custos com hospitalizações e procedimentos ambulatoriais

Da Agência Fiocruz
Publicado em 06/11/2024 às 19:00.
Estudo baseado na OMS aponta 104,8 mil mortes por álcool no Brasil em 2019, com 12 óbitos por hora, predominantemente homens (86%) (FREEPIK)

Estudo baseado na OMS aponta 104,8 mil mortes por álcool no Brasil em 2019, com 12 óbitos por hora, predominantemente homens (86%) (FREEPIK)

O consumo de bebidas alcoólicas representou um custo para o Brasil da ordem de R$ 18,8 bilhões em 2019. É o que aponta o estudo Estimação dos custos diretos e indiretos atribuíveis ao consumo do álcool no Brasil, realizado pela Fiocruz Brasília sob a liderança do pesquisador Eduardo Nilson do Programa de Alimentação, Nutrição e Cultura (Palin), a pedido das organizações Vital Strategies e ACT Promoção da Saúde como parte da iniciativa RESET Álcool. Deste total, R$ 1,1 bilhão referem-se a custos federais diretos com hospitalizações e procedimentos ambulatoriais no Sistema Único de Saúde (SUS). 

Os custos indiretos atribuíveis ao consumo do álcool, por sua vez, compreenderam R$ 17,7 bilhões e incluem as perdas de produtividade pela mortalidade prematura, licenças e aposentadorias precoces decorrentes de doenças associadas ao consumo de álcool, perda de dias de trabalho por internação hospitalar e licença médica previdenciárias. Dentro das estimativas indiretas está o custo previdenciário, que atingiu R$ 47,2 milhões em 2019. Do total, 78% (R$ 37 milhões) foram referentes aos gastos com o público masculino, enquanto 22% relacionado às mulheres (R$ 10,2 milhões).

O levantamento usou como base estimativas de mortes atribuíveis ao álcool feitas pela Organização Mundial da Saúde e levou em consideração para o cálculo de custo um total de 104,8 mil mortes em 2019 no Brasil, o que significa uma média de 12 óbitos por hora. Os homens são as principais vítimas e representaram 86% das mortes, das quais quase a metade foi decorrente de doenças cardiovasculares, acidentes e violências. No público feminino, que responde por 14% dos registros fatais, os malefícios do álcool levaram a doenças cardiovasculares e vários tipos de câncer em mais de 60% dos registros. 

“Podemos concluir com o estudo que o consumo de álcool no Brasil tem impactos significativos na saúde e no bem-estar da população e, consequentemente, custa muito caro aos cofres públicos. Nesse cenário, fica clara a necessidade de adoção de medidas como o imposto seletivo sobre bebidas alcoólicas. Essa é uma das ações recomendadas pela Organização Mundial da Saúde para reduzir o consumo de álcool e, consequentemente, seu impacto negativo. Com a redução do consumo, podemos salvar vidas e reduzir os impactos sociais do álcool, poupando bilhões de reais todos os anos”, afirma Pedro de Paula, diretor-executivo da Vital Strategies. 

O custo do SUS com a hospitalização de mulheres relacionada a problemas decorrentes do consumo de bebidas alcoólicas responde por 20% do total, ou seja, bem inferior ao custo com o público masculino. Isto ocorre porque a prevalência de consumo de álcool pelas mulheres é menor, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2019), na qual cerca de 31% das pesquisadas relataram ter consumido álcool nos 30 dias anteriores a pesquisa, enquanto o percentual masculino é de 63%. 

Outra razão refere-se ao fato de que as mulheres procuram mais os serviços de saúde e realizam o autocuidado, como exames de rotina. Isso faz com que sejam tratadas antes que as complicações mais graves de saúde aconteçam. “Quando os homens procuram o serviço de saúde possivelmente já estão com a saúde muito mais comprometida, o que acarreta mais hospitalizações”, afirma Eduardo Nilson, pesquisador da Fiocruz e responsável pelo estudo.

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