
Náuseas, vômitos, diarreia, falta de apetite, perda de peso e anemia podem ser sinais de doenças causadas por vermes. Transmitidas por água ou alimentos contaminados, as verminoses afetam bilhões de pessoas no mundo, mas a prevenção e o tratamento ainda demandam uma série de avanços.
A necessidade urgente de investimentos é destacada por pesquisadores das universidades de São Paulo (USP) e Guarulhos (UNG). Conforme os cientistas, dentre os motivos para a falta de atenção está o fato de que essas enfermidades atingem populações mais pobres, não atraindo a indústria farmacêutica.
O trabalho do grupo brasileiro vai ao encontro do plano de ação lançado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Até 2030, a OMS quer erradicar ou controlar 20 doenças que afetam uma a cada cinco pessoas no mundo e que matam cerca de 500 mil por ano. Dessas 20, as cinco que mais atingem a população em números absolutos são verminoses.
Dentre as estratégias que precisam ser adotadas está a busca por novos medicamentos. “Muitas dessas doenças não dispõem de vacina e medicamento considerado de alta eficácia. Embora tenha uma eficácia relativamente boa, não é o suficiente para controlar a doença, até porque não existe um fármaco 100% eficaz”, afirma Josué de Moraes, que coordena o Núcleo de Pesquisa em Doenças Negligenciadas (NPDN) da Universidade Guarulhos.
Moraes cita o caso da esquistossomose, considerada a principal verminose em termos de mortalidade. Há apenas um remédio disponível, o praziquantel.
“Imagina você ter um medicamento para uma população acima de 200 milhões de pessoas”. Além disso, o fármaco não afeta a forma jovem do parasita, impedindo que o tratamento comece no início da infecção.
Outra dificuldade se dá nos laboratórios. “Os vermes são de difícil manutenção. É muito mais difícil você conseguir manter um verme em laboratório, ao contrário de algumas doenças causadas por protozoários, como malária, leishmaniose, doença de Chagas”, afirma Josué de Moraes.
O pesquisador é enfático ao lembrar que outras medidas de saúde pública, como diagnóstico, controle dos vetores de transmissão e saneamento básico universal são fundamentais para lidar com essas doenças. “Nós temos cerca de 30 milhões de brasileiros que vivem sem água tratada. Praticamente metade da população não tem acesso a esgoto. Então, isso reforça esse quadro, que eu diria lamentável, em relação às verminoses”, avalia.
*Com Agência Brasil