Em fevereiro, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) lançou a Campanha de Prevenção ao Câncer de Pênis, com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância da prevenção. Segundo dados, no Brasil, foram registrados 21.766 casos de câncer de pênis de 2012 a novembro de 2022, resultando em 6.456 amputações do órgão masculino de 2013 a 2023, além de mais de 4 mil mortes de 2011 a 2021. A neoplasia maligna de pênis representa 2% dos cânceres em homens, com 19,9 mil casos diagnosticados de 2013 a 2022.

A higienização correta da região íntima masculina é necessária para evitar infecções, infestações, feridas e até câncer, explica o médico Thiago Godinho Pereira, urologista no Hospital das Clínicas Dr. Mario Ribeiro da Silveira (HCMR) — “A falta ou a má qualidade da limpeza é o principal fator de risco para o câncer peniano, juntamente com o tabagismo”, destaca.
 
HIGIENIZAÇÃO 
Ao tomar banho, o homem precisa retrair o prepúcio (pele que recobre a glande) e lavar bem com sabonete. Outras regiões, como testículos e ânus, também devem ser higienizadas. A atenção precisa ser redobrada em caso de fimose, pois o prepúcio dificulta a passagem da glande, facilitando o acúmulo de sujeira. “A higienização correta é muito importante para prevenir esse câncer”, ressalta o urologista. 

De acordo com Pereira, aproximadamente 50% dos pacientes diagnosticados com câncer estão associados ao Papilomavírus Humano (HPV), responsável pela infecção sexualmente transmissível mais comum no mundo. No entanto, é fundamental destacar que a falta de higiene também desempenha um papel significativo no surgimento dessas lesões — “A higiene local é fundamental para evitar o câncer de pênis. Essa higiene previne o câncer, infecções e balanopostite, que é a inflamação da glândula e do prepúcio. Por isso, é crucial enfatizar a importância da higiene e orientar os pacientes, desde jovens até os mais idosos”. 

Ainda segundo o médico, o câncer não surge do dia para a noite — “É mais comum na sexta década de vida, em pacientes acima de 60 anos, que muitas vezes não tiveram hábitos adequados de higiene ao longo da vida”, informa.

Mesmo sem conhecimento prévio sobre a doença, Cláudia Santos Silva, mãe de três meninos, demonstrou preocupação com a saúde de seus filhos — “Mesmo com meu marido em casa, era eu, a mãe, que ensinava os meus filhos, todos homens de que eles tinham que limpar, lavar direitinho e ter cuidado”, afirma Cláudia, cujos filhos atualmente têm 12, 17 e 21 anos. “Sempre ensinei orientando como é que tinha que fazer para levar pra vida adulta, agora, se eles continuam fazendo o que ensinei, aí não sei, mas eu fiz a minha parte, expliquei direitinho como deviam fazer pra limpar”, conta. 
 
DOENÇA
Conforme explicado por Thiago, a doença geralmente tem início na glândula ou no prepúcio, manifestando-se por meio de lesões, que podem se apresentar como verrugas ou ferimentos persistentes, desafiando a cicatrização.

Segundo Pereira, ao identificar qualquer ferida, lesão ou anomalia no pênis, é recomendável buscar a orientação de um urologista. Essa consulta permitirá avaliar se a lesão é suspeita e, adicionalmente, tratar outras possíveis lesões, infecções ou alterações que possam surgir. “O câncer de próstata e o câncer de pênis podem ser fatais, por isso, um diagnóstico precoce é crucial. O tratamento geralmente envolve a remoção da lesão, podendo ser necessário retirar uma parte ou até mesmo o pênis inteiro em casos avançados. É importante cuidar da higiene e usar preservativos para prevenir o câncer de pênis, especialmente devido à infecção pelo HPV, uma Infecção Sexualmente Transmissíveis (IST). Além disso, preservar a saúde geral também é essencial, mesmo que não esteja diretamente relacionada ao câncer de pênis”, pontua o especialista.

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