
Cerca de 10 milhões de pessoas perderam a luta para o câncer em 2020 no mundo. No entanto, 3,7 milhões de vidas poderiam ter sido salvas, por ano, se existissem estratégias apropriadas de recursos para prevenção, diagnóstico precoce e tratamento em tempo correto e de forma igual para todos.
Esse alerta é dado pela Fundação Sara no Dia Mundial do Câncer, celebrado nesta sexta-feira (4). Com a temática “Por cuidados mais justos”, a instituição, que é referência no atendimento a crianças vítimas da doença em Minas, chama a atenção para o peso da desigualdade no tratamento, abraçando a campanha da União Internacional contra o Câncer (UICC).
Apesar de haver grandes avanços na prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer, muitos são os fatores de desigualdade que podem afetar de forma negativa o enfrentamento à doença. Dentre eles, renda, educação e localização geográfica são aspectos que custam muitas vidas.
Segundo a fundação, muitas famílias das crianças e adolescentes diagnosticados com câncer, ao saírem de suas cidades do interior para realizar o tratamento nas unidades de Montes Claros e Belo Horizonte, não possuem condições financeiras, moradia, ou até mesmo parentes que possam prestar algum suporte. Isso torna o momento delicado ainda mais difícil.
Um dos exemplos dessa situação é a família de Victor, diagnosticado com câncer em agosto do ano passado. A mãe do menino, Franciele, conta que precisou deixar tudo para trás, em Janaúba, para vir com o filho realizar o tratamento em Montes Claros – cidade onde não tem nenhum familiar ou conhecido.
“Quando você recebe um diagnóstico desses, descobre que o tratamento é muito caro e não tem tantas informações sobre como funciona. No início, foi um momento bem difícil, pois nos sentimos muito sozinhos e sem saber o que fazer. Mas assim que a gente soube da existência da Fundação Sara, foi como se tirasse um peso de nossas costas, pois sabíamos que teríamos um lugar para ficar e com quem contar”, diz a mãe do garoto.
A Fundação Sara, além de auxiliar a família por meio de 11 programas, com moradia, transporte, alimentação, dentre outros serviços de assistência, oferece toda uma estrutura de apoio para que a família se sinta acolhida e não haja desistências durante o tratamento.
Diagnóstico rápido
Outra linha de atuação da Fundação Sara, considerada essencial para salvar vidas, é a busca pelo diagnóstico precoce para aumentar as chances de cura. A instituição se esforça para tornar mais céleres os atendimentos de crianças e adolescentes que apresentam suspeitas de câncer, uma vez que o Sistema Único de Saúde (SUS) não dá conta de atender toda a demanda existente.
“O programa Agilizar custeia todos os exames de diagnóstico para acelerar o processo entre suspeita do câncer e o início do tratamento, além de obter resultados mais ágeis e precisos. Tudo isso, melhorando o prognóstico e aumentando consideravelmente as possibilidades de cura”, afirma a oncopediatra Sabrina Eleutério.
Diferentemente do câncer em adultos, o câncer infantojuvenil não costuma estar relacionado a fatores externos, como sedentarismo e tabagismo. Por isso, não há como prevenir. Mas atitudes importantes, como manter hábitos saudáveis, ensinadas desde cedo, podem sim reduzir os riscos de câncer na vida adulta.
Dentro desse contexto, as escolas podem desempenhar um importante papel no apoio para uma boa nutrição e realização de atividade física, aponta a fundação.
Em 2018 e 2020, a Fundação Sara foi reconhecida pelo Instituto Doar e Rede Filantropia como uma das cem melhores ONGs do Brasil em gestão e transparência. Para saber mais sobre o trabalho da instituição, acesse www.fundacaosara.org.br.
Maioria busca pela cura longe de casa
Metade dos brasileiros em tratamento contra o câncer no SUS precisam deixar seus municípios de residência para receber assistência especializada. O dado consta de estudo divulgado ontem pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O mapeamento mostrou que entre 49% e 60% dos pacientes têm que deixar suas cidades para fazer o tratamento e que os deslocamentos são maiores nas regiões Norte e Centro-Oeste. Dependendo do tipo de tratamento, os pacientes dessas regiões chegam a percorrer uma média de 296 a 870 quilômetros, enquanto, no Sul e no Sudeste, as distâncias médias variam entre 90 e 134 quilômetros.