Aumento de casos na Europa e na Ásia acende sinal de alerta no Brasil
Cievs mobiliza o Norte de Minas para a vacinação de crianças, gestantes e trabalhadores da saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE)
O Comitê de Monitoramento de Eventos do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) Regional de Montes Claros está mobilizando as secretarias municipais de saúde do Norte de Minas para a necessidade de reforço da vacinação de crianças, gestantes e de trabalhadores da saúde contra a coqueluche. De acordo com a Nota Técnica número 70, divulgada neste mês pelo Departamento Nacional de Imunizações (DPNI) do Ministério da Saúde, “desde 2016 o país vem acumulando quedas nas coberturas vacinais enquanto, neste ano, estão ocorrendo surtos da doença em países da Ásia e da Europa”.
Considerando o alerta global para o aumento de casos de coqueluche, o Programa Nacional de Imunizações ampliou a indicação de uso da vacina dTpa em caráter excepcional para trabalhadores da saúde que atuam nos serviços públicos e privados, ambulatorial e hospitalar, com atendimento em ginecologia e obstetrícia; parto e pós-parto imediato, incluindo as casas de parto; Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e Unidades de Cuidados Intensivos neonatal convencional e canguru; berçários; pediatria; profissionais que atuam como doula (acompanhando a gestante durante o período de gravidez, parto e pós—parto); e trabalhadores que atuam em berçários e creches, com atendimento de crianças até quatro anos de idade.
Agna Soares da Silva Menezes, coordenadora de vigilância em saúde e do Cievs Regional de Montes Claros, explica que a coqueluche é uma doença infecciosa aguda que compromete principalmente o aparelho respiratório e se caracteriza por tosse seca. A infecção é uma das principais causas de morbimortalidade infantil e pode durar entre seis a dez semanas. A doença evolui em três fases sucessivas: catarral; paroxística (que apresenta dispneia e tosse com acessos) e a fase de convalescença.
“A doença é de alta transmissibilidade, de pessoas contaminadas para pessoas não vacinadas, por meio de gotículas de tosse, espirro e ao falar. Estima-se que uma pessoa com coqueluche pode infectar de 12 a 17 pessoas suscetíveis. Em lactentes a doença pode resultar em um número elevado de complicações e levar à morte, principalmente em bebês de até seis meses de vida, que ainda não completaram o esquema vacinal primário para a doença”, alerta Agna Menezes.
Nos últimos cinco anos foram registrados no Sistema de Informações de Agravos de Notificações (Sinan) 12 mortes por coqueluche no país, sendo 11 casos em 2019 e um em 2020.
MINAS GERAIS
Entre 2019 e 2023 foram notificados 1.007 casos suspeitos de coqueluche em Minas Gerais, dos quais 253 foram confirmados. Dados do Sinan apontam que em 24 municípios que integram a área de atuação da SRS de Montes Claros, no período de 2014 a 2024 foram notificados 347 casos suspeitos de coqueluche. Desse total, 51 casos foram confirmados para a doença.
Neste mesmo período, no Norte de Minas os casos notificados e confirmados de coqueluche tiveram maior incidência nas seguintes faixas etárias: crianças menores de seis meses (128 notificações e 29 casos confirmados); menores de cinco anos (101 notificações e oito casos confirmados); crianças com menos de 40 dias de vida (34 casos notificados e três confirmados); crianças até quatro anos de idade (32 casos notificados e nove confirmados).