
O Agosto Verde Claro alerta para os linfomas, cânceres do sistema linfático que somam cerca de 15.120 novos casos por ano no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). A campanha destaca a importância do diagnóstico precoce e chama atenção para os dois principais tipos da doença: linfoma de Hodgkin e linfoma não Hodgkin.
Linfomas não-Hodgkin crescem lentamente e podem demorar anos para apresentar sintomas, enquanto os de Hodgkin são agressivos e exigem tratamento imediato. “Os linfomas costumam apresentar sintomas inespecíficos no início — como cansaço, febre baixa, suor noturno e perda de peso — que muitas vezes são confundidos com viroses, estresse ou infecções comuns. Além disso, o surgimento de linfonodomegalias (as chamadas ínguas) nem sempre causa dor, levando muitas pessoas a adiarem a busca por atendimento médico. Outro fator importante é o acesso desigual aos serviços de saúde, especialmente aos exames especializados, como biópsias e estudos imuno-histoquímicos, que são fundamentais para o diagnóstico preciso. Em algumas regiões do país, esse processo pode levar semanas ou até meses, atrasando o início do tratamento”, explica o hematologista, Jose Alfreu Soares Junior.
“O principal sinal de alerta é o surgimento de gânglios aumentados (ínguas) em regiões como pescoço, axilas ou virilhas, que não desaparecem após algumas semanas. Além disso, sintomas como febre persistente sem causa aparente, suores noturnos, perda de peso inexplicada ou cansaço excessivo devem ser investigados. Diante desses sinais, é fundamental procurar atendimento médico. Quanto mais cedo o diagnóstico, maiores são as chances de cura. Por isso, é essencial que a população esteja bem informada e os profissionais de saúde estejam atentos para investigar adequadamente essas queixas”, completa o médico hematologista.
Nos últimos anos, a medicina tem avançado significativamente com terapias-alvo e tratamentos mais personalizados, ampliando as taxas de cura, mesmo em casos mais agressivos. A escolha do tratamento é feita por um médico hematologista, que avalia o quadro individualizadamente. “A terapia com células CAR-T, que começou a ser realizada recentemente no Brasil, utiliza o próprio sistema imunológico do paciente para combater o câncer e tem mostrado resultados promissores, especialmente nos casos mais agressivos ou que não responderam à quimioterapia convencional. Além disso, a aprovação de diversos anticorpos monoclonais tem contribuído para o aumento das taxas de cura, com menos efeitos colaterais. A medicina personalizada desempenha um papel importante, permitindo que compreendamos melhor o perfil genético de cada linfoma e, com isso, direcionemos tratamentos mais eficazes. Esses avanços vêm se refletindo em melhores taxas de resposta, mais qualidade de vida e maior esperança para os pacientes”, explica.