Diagnóstico pelo sopro

“Bafômetro” para detectar câncer no estômago é testado no Brasil

Vivian Chagas*
@vivisccp
Publicado em 08/02/2022 às 00:18.Atualizado em 08/02/2022 às 14:19.
VOLUNTÁRIOS – Trezentas pessoas participam dos estudos, que devem durar cerca de quatro meses, no Hospital AC Camargo Center, em São Paulo: se for aprovado, exame vai favorecer o diagnóstico precoce da doença (A.C.Camargo Cancer Center/Divulgação)
VOLUNTÁRIOS – Trezentas pessoas participam dos estudos, que devem durar cerca de quatro meses, no Hospital AC Camargo Center, em São Paulo: se for aprovado, exame vai favorecer o diagnóstico precoce da doença (A.C.Camargo Cancer Center/Divulgação)

Aparelho semelhante a um bafômetro pode ser mais um aliado da ciência para o diagnóstico precoce do câncer de estômago, um dos tipos mais frequentes no país. Pesquisadores de São Paulo testam o equipamento desenvolvido em Israel. O estudo com a participação de 300 pessoas deve durar quatro meses.

As análises são feitas por médicos do Hospital AC Camargo Center, referência no tratamento da enfermidade. Especialistas da Letônia, Ucrânia, Colômbia e Chile também avaliam o instrumento no qual o paciente enche o pulmão de ar e dá um sopro.

Por meio da respiração, o bafômetro rastreia uma espécie de “pegada química” deixada pelas células do estômago, explica o coordenador do estudo e biólogo molecular do Centro Internacional de Pesquisas do hospital, Emmanuel Dias Neto. 

“Elas liberam moléculas que soltam líquidos e gases, chamados de compostos orgânicos voláteis, como fenóis, álcool, gorduras e açúcares. Comparadas com as células saudáveis, as tumorais liberam compostos diferentes que são identificados pelo aparelho”.

Até o momento, amostras de 45 voluntários foram coletadas. “Nesta etapa, avaliamos dois grupos, os que estão fazendo endoscopia gástrica por queixas ou suspeita de alguma condição mais grave, ou para simples avaliação, e pessoas com câncer já diagnosticado”.
 
DETECÇÃO PRECOCE
Segundo Dias Neto, o aparelho tem precisão de aproximadamente 90% na detecção dos tumores. Caso os estudos atestem a efetividade do aparelho, médicos afirmam que há viabilidade para disponibilizar na rede pública devido ao baixo custo do exame.

A descoberta precoce aumenta a chance de um tratamento bem-sucedido. No Brasil, a doença é o terceiro tipo mais frequente entre os homens e o quinto entre as mulheres. Só neste ano, a estimativa é a de 20 mil novos casos do câncer de estômago, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).

Equipamento não substitui endoscopia 
O aparelho não substitui o atual exame para detecção desses tumores, a endoscopia digestiva alta, mas apresenta vantagens.

“A intenção é a de que ele seja usado em uma grande quantidade de pessoas e, quem sabe, detectar aquelas que podem ter uma doença ainda assintomática, altamente curável, e com isso, aumentar o sucesso do tratamento”, diz.

Além disso, o processo padrão é longo e tem custo alto, uma vez que são necessários profissionais especializados, desde o endoscopista até um patologista oncológico.

A maioria das pessoas que passa pelo exame geralmente tem problemas leves, e os pesquisadores acreditam que o uso do aparelho pode facilitar o diagnóstico e diminuir os custos, principalmente no Sistema Único de Saúde (SUS).
 
EXPANSÃO
A próxima etapa do estudo é expandir o diagnóstico para outros tipos de tumores e até mesmo algumas doenças.

* Especial para o HD

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