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Terça-Feira,2 de Dezembro
Assistência sob suspeita

Advogada denuncia falhas em atendimento domiciliar de marido acamado

Márcia Vieira
marciavieirayellow@yahoo.com.br
Publicado em 01/12/2025 às 19:00.

Há cerca de seis anos, a rotina da advogada Elaine Xavier Carpegiani foi alterada após o marido, Marcus Antônio Carpegiani, ser diagnosticado com uma doença neurodegenerativa. No último ano, a doença avançou e atualmente ele está confinado ao leito, ligado a vários dispositivos, recorre a oxigênio, BIPAP (ventilador mecânico), aspiração de vias aéreas e se alimenta por meio de sonda gástrica. “A empresa que presta assistência tem agido de maneira irresponsável em várias ocasiões e agora eu me deparo com mais uma afronta”, indigna-se Elaine, relatando que na última sexta-feira (28), após uma longa internação que vem desde o mês de agosto de 2025, o esposo recebeu alta hospitalar e teve que permanecer no hospital por longas horas, pois a empresa não enviou ambulância e nem um técnico de enfermagem capacitado para acompanhá-lo, o que é previsto pelo plano de saúde.

Além disso, explica: “ele tem um fisioterapeuta que vem todos os dias, de segunda a sexta-feira. Teria que ser de domingo a domingo, mas o plano autorizou seis sessões, então seria de segunda a sábado. Eles retiraram e colocaram o fisioterapeuta para atender de segunda a sexta”. Elaine acrescenta que o fisioterapeuta foi trocado e o que ela havia indicado foi direcionado para atender outro paciente. Quanto ao técnico de enfermagem enviado, não teria experiência para a necessidade do acamado. “É uma desumanidade, falta de respeito com a vida do paciente”, diz. Com base nas situações que alega estar enfrentando, Elaine optou por fazer um boletim de ocorrência e procurou a reportagem.

A empresa Florence Saúde Domiciliar, que presta o serviço de home-care, teria solicitado a suspensão unilateral dos serviços somente para o seu esposo, o que ela considera discriminatório. “Não houve comunicação prévia verbal ou formal e isso ocorreu enquanto ele estava no leito hospitalar. Essa dispensa seletiva configura uma nítida tentativa de abandono, exclusão e discriminação”, salienta. A denúncia feita pela advogada aponta outras irregularidades, como o não comparecimento dos técnicos de enfermagem em mais de uma ocasião, falha na administração de medicamentos, que teria ocorrido sem a prescrição médica, falta de entrega de nutrição, má administração na aspiração nasal, que ocasionou lesão no nariz do paciente, entre outras.

Procurada, a empresa disse que o envio do fisioterapeuta à residência ocorreu a pedido da própria denunciante, a fim de realizar o ajuste do equipamento respiratório e garantir o uso correto da máscara e dos parâmetros do aparelho, e o profissional em questão é especialista em fisioterapia respiratória e neurológica, sendo capacitado para a função. Caberia a ele fazer o procedimento do dia. Sobre a continuidade da assistência, a Florence diz que “em momento algum o paciente ficaria desassistido, sendo a equipe composta por sete fisioterapeutas, todos habilitados para atendimento domiciliar e que o paciente recebeu atendimento de enfermagem normalmente após a desospitalização com plantão completo na noite anterior e atendimento diurno no mesmo dia, registrados no sistema, com horários e geolocalização”. Quanto ao serviço de ambulância, a empresa destaca que não presta serviço de remoção e o transporte é responsabilidade direta do plano de saúde, por meio de empresa terceirizada própria. Os colaboradores da Fló
rence, como informado em nota, possuem formação técnica ou superior regular, são habilitados pelos respectivos conselhos e plenamente capacitados para exercer suas funções. “A avaliação pela denunciante não possui fundamento técnico, uma vez que ela não possui formação na área da saúde”. E conclui: “Não houve qualquer falha, negligência ou omissão por parte da Flórence Saúde. A equipe se apresentou conforme o protocolo, no horário previsto, com profissional altamente qualificado. A única razão pela qual o atendimento não ocorreu foi a recusa expressa por parte da responsável pelo paciente”.

O serviço de home-care é custeado pelo plano de saúde FUSEx, que garante a assistência contínua do paciente. Procurado, o plano de saúde afirmou que “a seção FUSEx, do 55º Batalhão de Infantaria, informa que a empresa que presta assistência domiciliar para o Coronel Marcus Antônio Carpegiani foi substituída mediante demanda apresentada por ambas as partes, garantindo a continuidade da assistência devida ao militar veterano, e que o fato está sendo analisado administrativamente por esta organização militar”.

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