Debater para respeitar

Abril é o mês dedicado à conscientização sobre o autismo no Brasil

Larissa Durães
05/04/2022 às 00:05.
Atualizado em 05/04/2022 às 11:07

Tema que vem ganhando destaque na mídia e também nas redes sociais, o autismo inspirou a criação da campanha Abril Azul, que busca conscientizar os brasileiros sobre essa condição. O dia 2 deste mês, inclusive, é dedicado a tal missão.

Mobilização que tem razão de ser. Estima-se que uma a cada cem crianças no mundo possam receber o diagnóstico do autismo em algum grau. A “popularização” do tema fez o autismo chegar a diferentes espaços de debate, onde são compartilhados desde dados de caráter científico a mera opinião. A dúvida que fica é se uma informação que não é embasada em fatos, na ciência e na realidade do indivíduo autista ajuda ou atrapalha a vida de pessoas com autismo e a dos familiares. 

Para a psicóloga infantil especialista em análise do comportamento Brunella Maria Dias Abreu, o fato de as pessoas falarem nas mídias sobre o assunto pode ser positivo. 

“É muito importante. Quanto mais informação a gente levar para as pessoas sobre o autismo e sobre os sinais dele, mais fácil será buscarem ajuda, irem até um pediatra, conversarem com profissionais especializados. Então falar sobre é uma ferramenta para conscientizar”. 

A profissional lamenta, porém, o que chama de “generalização”. 

“O autismo é um transtorno de desenvolvimento e é um espectro. Por isto, a gente encontra diferenças, sinais diferentes, pessoas dentro do mesmo transtorno com características diferentes. Quando as pessoas falam aquilo como uma verdade absoluta, como se aquele sinal fosse acontecer com todas as pessoas com autismo, a gente acaba omitindo informações”. 

A psicóloga diz ser bom falar sobre o assunto, mas sempre orientando ao público buscar um profissional para tirar dúvidas. 

“O primeiro passo é buscar pessoas que trabalham com autismo e seguir redes sociais de pessoas que trabalham com autismo, pessoas especializadas, e que levam a informação científica. Se uma ‘influencer’ falou sobre, me interessei pelo assunto, então vou buscar um profissional para me aprofundar no assunto. Tirar as dúvidas com um médico ou profissional”, esclarece. 

Mãe de uma criança autista de 6 anos, Fernanda Antunes Brito também acha que as informações que circulam na mídia estão sendo de muita ajuda.

“Mesmo a pessoa não sendo especialista, porque muitas vezes a gente se conecta mais com um influenciador do que com profissionais e acaba obtendo várias informações pertinentes sobre o assunto com eles. Há influenciadoras, por exemplo, que têm filhos autistas”, explica. 

Na opinião de Fernanda, o conhecimento ajuda tanto quem tem autismo quanto as famílias. “O autismo, por ser uma questão muito nova, não é muito falado. Há três anos vejo que estão falando um pouco mais, e por isto acaba ajudando”, constata. 

Para ela, a inclusão precisa ser um assunto diário e quanto mais conexões forem feitas dentro dessa rede, maiores serão as chances de a sociedade abandonar o senso comum e a ideia de que “o que é diferente de mim é fora da regra”. 

“Antigamente o autista era chamado de ‘doido’, era colocado em manicômios. Hoje as pessoas precisam entender que o autismo é só uma maneira de pensar diferente. Isso precisa ser entendido e respeitado, por isto é bom falarem o máximo que puderem sobre o assunto”, ressalta. 

Fernanda acredita que as pessoas deveriam buscar mais informações também para entender como devem se comportar diante de um autista. 

“Não precisam falar alto com um autista, eles não são surdos, são autistas. Aprendam como se comportar na presença de um autista, é uma forma de compaixão e respeito”, diz. 

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