Vacina contra a dengue mais perto da população

Acordo com indústria farmacêutica internacional pode acelerar a produção

Bruno Inácio*
14/12/2018 às 06:25.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:34
 (Ravena Rosa/Agência Brasil)

(Ravena Rosa/Agência Brasil)

SÃO PAULO – Os brasileiros estão cada vez mais perto de ter uma vacina contra a dengue distribuída gratuitamente. A produção do imunizante pode começar em dezembro do ano que vem, caso os estudos desenvolvidos desde 2016 pelo Instituto Butantan sejam concluídos. O órgão e a farmacêutica norte-americana Merck Sharp and Dhome (MSD) assinaram, na última quarta-feira, um acordo que pode agilizar os trabalhos.

O contrato prevê a transferência da tecnologia para o laboratório estrangeiro. O novo parceiro da instituição, ligada ao governo paulista, poderá se valer do conhecimento adquirido pelos pesquisadores para produzir e comercializar a proteção no exterior.

Para isso, o Butantan terá aporte de US$ 25 milhões da MSD – o que coloca o acordo como o maior do gênero firmado pela indústria farmacêutica brasileira. O montante será liberado à medida em que os testes avançarem.

Tanto o instituto paulista quanto a farmacêutica estão desenvolvendo vacinas contra a dengue. Porém, o que chamou a atenção da empresa americana é o andamento mais acelerado da pesquisa brasileira.

“Aqui já estamos na fase três da pesquisa clínica, ou seja, a vacina está sendo testada em humanos”, explicou o diretor do Butantan, Dimas Tadeu Covas.

PROCEDIMENTOS
Após essa etapa, o próximo passo será submeter o imunizante à aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Só após a autorização, o produto estará disponível para a população.

No Brasil, a produção será feita pelo Butantan. A exclusividade visa a garantir que a imunização seja incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS).

A MSD terá autorização para desenvolver e comercializar a substância no exterior. “O retorno pode ser de até R$ 1,5 bilhão para o Butantan”, acrescentou Dimas Covas.
 
A PROTEÇÃO
A vacina protege contra os quatro subtipos do vírus da dengue (1, 2, 3 e 4). A indicação é para pessoas de 2 a 59 anos. O índice de proteção poderá chegar a 80% para todas as idades, mesmo que não tenham contraído a doença, informou o Butantan.

De acordo com informação do Instituto Butantan, a Fase 3 do estudo clínico foi iniciada em 2016 e ocorre em 14 centros de pesquisa clínica, distribuídos nas cinco regiões do país. Cerca de 17 mil voluntários participam dos testes.

O vírus da dengue é uma das principais causas de doença e morte nas regiões tropicais e subtropicais do planeta. A enfermidade é considerada endêmica em pelo menos cem países da Ásia, Pacífico, Américas, África e Caribe.

Cerca de 2,5 bilhões de pessoas, ou o equivalente a 40% da população mundial, vivem em áreas onde há risco de transmissão.

O Brasil é considerado um dos países mais afetados pela doença, com milhões de casos nos últimos dez anos. O maior número de casos foi registrado em 2015, com 1,6 milhão de registros da doença e 863 óbitos. Em 2018, foram contabilizados até agosto mais de 187 mil casos.

*Repórter viajou a convite da MSD - Enviado especial
Com Agência Brasil

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