Tempo é vida

Rápido atendimento a infartado pode reduzir riscos de danos ao coração

Flávia Ivo
Hoje em Dia - Belo Horizonte
26/09/2018 às 07:03.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:39

Silenciosamente, de forma lenta e assintomática, placas de gordura vão se formando dentro das artérias que irrigam o coração. Do lado de fora, nenhum sinal aparente, mas, de forma abrupta, uma delas entope causando sofrimento ao músculo no processo chamado infarto. Aguda, a situação requer atenção máxima e socorro imediato.

Em 30% dos casos, os ataques são fatais. A cada minuto, uma pessoa em parada cardíaca sem auxílio perde 10% das chances de sobrevivência.

“Toda pessoa com dor em aperto no peito, falta de ar de início súbito e inexplicado, acompanhada de sudorese e palidez, além de dor no braço esquerdo, deve ser levada ao serviço de emergência. São sintomas clássicos, mas nem sempre aparecem juntos. O que não dá é para ficar em casa, esperar chegar o dia seguinte para procurar o médico”, detalha Fernando Carvalho, coordenador do setor de cardiologia do Hospital Vera Cruz.

O tempo de atendimento é crucial também para minimizar riscos de danos ao coração. “Principalmente nas duas primeiras horas. Há a obstrução aguda do miocárdio, que perde o recebimento de oxigênio, fazendo as células morrerem, entrando em processo de irreversibilidade. Quanto mais tempo passar, maior será a perda de tecido, a quantidade de células mortas que poderão se transformar em cicatriz. Com isso, o indivíduo pode vir a ter o que chamamos de insuficiência cardíaca”, explica André Vale, cardiologista do Check Up do Hermes Pardini.

O infarto é uma das doenças do coração responsáveis por quase um terço das mortes em todo o mundo. No Brasil, diferentemente de outros já desenvolvidos, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) ainda predomina em óbitos no comparativo com os ataques cardíacos.
 
FATORES
“Um dos principais fatores é a hipertensão, que é admitida pelo brasileiro como uma doença comum, trivial. Por isso, há baixa adesão ao tratamento, além do pouco acesso à saúde no país”, coloca o cardiologista Fernando Carvalho.

No entanto, a pressão alta não é o único fator de risco para o desenvolvimento de um mal do coração. Alterações do colesterol, obesidade, tabagismo e o diabetes são também preocupantes.

“Não é muita gente que valoriza o tratamento dessas enfermidades, que são crônicas, porque quase não se vê diferença com a ingestão dos remédios. São pouco sintomáticas. Mas, é importante chamar a atenção da população de que, na maioria das vezes, a doença do coração é consequência de fatores que atuaram durante anos para que ela se desenvolva”, destaca o médico do Hospital Vera Cruz.

Boa alimentação e hábitos saudáveis na receita
No próximo sábado é celebrado o Dia Mundial do Coração, data em que se reforça o fato de que a prevenção é o melhor caminho para cuidar do órgão vital.

Na campanha de 2018, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) chama a atenção para a importância da manutenção de uma boa alimentação e hábitos saudáveis.

Para as doenças cardíacas existem os fatores de risco modificáveis (sedentarismo, obesidade e tabagismo) e os não-modificáveis (carga genética e histórico familiar).

A medicina preventiva trabalha com o primeiro grupo, a fim de dar subsídios para que a população se conscientize.

“Nosso estilo de vida cada vez mais corrido, buscando refeições rápidas em detrimento de mais nutritivas. Além disso, uma alimentação natural é mais cara e requer tempo para preparo. Baratos são os carboidratos, açúcares e álcool”, expõe André Vale, cardiologista do Check Up do Hermes Pardini.
 
EXAMES
Parar de fumar, exercitar-se e alimentar-se de maneira saudável são passos certos para manter o coração em dia. Porém, ter uma rotina de exames pode também ajudar na prevenção.

“O primeiro passo é uma boa consulta com um clínico médico ou cardiologista, que irá identificar os exames mais indicados para aquele indivíduo, de acordo com a idade e os fatores de risco”, destaca Vale.

Contudo, alguns corriqueiros são colesterol total, triglicérides, o estudo da função renal com a medição da creatinina, o ácido úrico, além da glicemia em jejum. Afinal, o diabetes é um fator de risco mais acentuado do que o próprio tabagismo.

“O teste ergométrico também é um exame comum. Submetemos o paciente a um esforço físico e medimos pressão, frequência cardíaca e buscamos alterações no eletrocardiograma. Também o ecocardiograma, que é um ultrassom do coração”, explica André Vale.

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