Selo de qualidade contra a dengue

Enquanto epidemia da doença toma conta do Estado, Berizal não registra casos graças a medida simples

Carlos Castro Jr.
27/06/2019 às 07:16.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:17

Em meio ao surto de dengue que assola Minas Gerais, uma cidade norte-mineira vem conseguindo mostrar que é possível vencer a doença ou pelo menos controlá-la. Berizal, por exemplo, até agora não registrou casos durante este ano. Ao todo, em Minas, 70 dos 853 municípios – o que equivale a 8,2% – deixaram a dengue fora dos seus limites, sendo Berizal a única do Norte de Minas.

A cidade de 4.700 habitantes conta com um interessante sistema de controle. Após a visita dos agentes de combate às endemias, a residência é avaliada e recebe um selo, colado no portão da casa, que retrata o índice de limpeza e focos encontrados no imóvel.

As cores são verde (livre de focos), amarelo (poucos focos) e vermelho (muitos focos). De acordo com o secretário Municipal de Saúde, Edivaldo Farias, os selos incentivam a população a manter as casas e quintais sem focos do mosquito Aedes aegypti.

“Dias depois, quando voltamos na casa em que colocamos o selo amarelo ou vermelho, a situação já é outra. Sempre encontramos o quintal limpo. Eles pensam: se meu vizinho está ‘verde’, eu não quero ser ‘vermelho’”, disse Edivaldo Farias.

Ainda segundo o secretário, a cidade está “blindada” contra a dengue graças ao trabalho dos agentes e à cooperação dos moradores.

“São oito agentes que visitam todas as residências e ajudam na manutenção, além de fazer a conscientização. E os moradores compram muito bem a ideia”, completa.

A ausência ou o pequeno número de notificações são reflexos das ações das cidades e do envolvimento dos moradores que contribuem com a limpeza de quintais, lotes e jardins e, consequentemente, com a diminuição de focos do mosquito.

Para muitos, o fato de o município ter poucos habitantes seria a justificativa, mas cidades também pequenas, como Mira-vânia e Santa Fé de Minas, ambas com menos de 5 mil habitantes, registraram 204 e 174 casos de dengue, respectivamente. Sinal de que o mérito está nas atitudes.

DESTAQUES
Outras cidades do Norte de Minas também se destacam positivamente. Ninheira teve apenas um caso, registrado ainda em janeiro. Serranópolis de Minas e Vargem Grande do Rio Pardo registraram três cada uma.

Segundo a coordenadora do Setor de Vigilância Ambiental de Ninheira, Telma Xavier da Silva, além das visitas residenciais realizadas pelos agentes, o trabalho em sala de aula é determinante para que a cidade tenha apenas um caso.

“São palestras, orientações e conscientização nas escolas. Nós levamos os alunos aos locais mais críticos também para que eles possam ter ciência dos riscos. Assim, conquistamos mais aliados nessa luta diária”, afirma.

No último Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (LirAa), realizado em janeiro, Serranópolis de Minas não registrou casos de depósito de lixo ou água parada. Vargem Grande do Rio Pardo teve índice 0,5, Berizal, 0,6, e Ninheira, 2,7. O percentual considerado seguro é de até 1%, conforme o Ministério da Saúde. Neste caso, das cidades destaque, apenas Ninheira ficou acima do recomendado.
 
MINAS
Desde o início do ano, o Estado registrou 423.317 casos prováveis de dengue (soma dos confirmados e dos suspeitos) e 86 mortes pela doença.

De acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES), divulgados na última terça-feira, houve aumento de 1.485 notificações da enfermidade e a confirmação de nove óbitos em apenas uma semana.

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