Pesquisa mapeia Chagas

Estudo mostra que há subnotificação e doentes sem atendimento na saúde pública

Christine Antonini
11/04/2019 às 07:38.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:11
 (ARQUIVO PESSOAL)

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Região ainda endêmica para a Doença de Chagas, o Norte de Minas está inserido em uma série de estudos para ampliar os conhecimentos sobre a enfermidade. De acordo com o Hospital Universitário de Montes Claros, 35 pessoas foram diagnosticadas com o mal em 2017; 22 em 2018 e, neste ano, já são pelo menos dois casos até março.

Um dos objetivos do estudo é justamente identificar pessoas com a doença, mas que não são acompanhadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Mesmo ainda em fase inicial, o projeto já diagnosticou a doença em 2.158 pessoas em 22 municípios norte-mineiros e no Vale do Jequitinhonha.

Segundo Thallyta Maria Vieira, uma das pesquisadoras do projeto “Doença de Chagas e saúde única: validação de protocolo de rastreio e análise eco-epidemiológica no Norte de Minas Gerais”, o programa de controle da doença está paralisado em vários municípios há alguns anos, sendo assim, não é possível identificar a incidência correta das cidades.

No entanto, ela ressalta que, com o andamento da pesquisa, é possível observar a nova infestação do barbeiro na área rural e o aparecimento nos centros urbanos.

“A Chagas é uma doença negligenciada e silenciosa. Há poucos dados sobre a mesma. No entanto, recentemente a forma crônica passou a ser de notificação obrigatória. Nosso projeto objetiva identificar novos casos e comprovar que há pessoas descobertas pelo SUS, ressaltando a importância de manter o controle da doença e incentivar novos estudos”, justifica Thallyta, do Departamento Geral de Biologia da Unimontes.

A proposta do estudo visa compreender melhor os novos padrões da doença, com aprofundamento das pesquisas relacionadas à genética, transmissão e medicamentos eficazes contra a enfermidade.
 
CONTROLE
Equipes que integram o grupo de pesquisa realizam visitas a localidades da região, onde poderão compreender melhor a eco-epidemiologia da doença. Com isso, poderão estabelecer estratégias mais eficazes de controle e prevenção, contribuindo para o rastreamento do barbeiro, melhoria da qualidade de vida dos chagásicos e prevenção da doença.

Em fevereiro, nas cidades de Espinosa e São Francisco, as pesquisadoras treinaram agentes comunitários de saúde e de endemias com informações teóricas e práticas para a coleta de dados na população e recolhimento dos vetores em reservatórios. Também foram sensibilizados quanto aos riscos iminentes da Doença de Chagas.

Além de professores da Unimontes, o estudo é uma parceria com pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e UFMG, desenvolvido por intermédio do Centro de Pesquisa em Medicina Tropical de São Paulo-Minas Gerais (SaMi-Trop).

SAIBA MAIS
Coordenadora de campo do SaMi-Trop, Ariela Mota destaca que cada morador pode fazer sua parte para evitar o barbeiro e reduzir o número de incidência da Doença de Chagas.

“Manter quintais limpos, sem acúmulo de telhas, tijolos, madeiras e outros. Principalmente na zona rural, construir o galinheiro mais distante da casa. Rebocar as residências, manter cuidados para a conservação das casas e utilizar telas em portas e janelas”, alerta.

A pesquisadora ainda ressalta que, caso encontre o inseto em casa, é preciso capturá-lo, protegendo a mão, colocá-lo em um pote ou caixa com pequenos furos, identificar e entregar em um posto de informação de triatomíneos, ou à equipe do sistema de saúde da região.

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