(Lucas Prates)
Está chegando a hora. Apesar das diversas festas de pré-Carnaval que já aquecem várias cidades do Norte de Minas, a folia de Momo começa oficialmente neste sábado. E haja disposição para participar dos blocos e das festas em clubes.
Quem pretende seguir à risca a canção “atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu” deve se precaver para não ser obrigado a encerrar a festa antes da hora por conta de dores nas pernas.
As muitas horas que a pessoa passa em pé podem levá-la a acumular líquido nos pés e pernas, alerta Marcelo Moraes, um dos diretores da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV). A situação piora em dias quentes, já que o calor dilata os vasos e o inchaço é potencializado. E calor é o que não falta na região.
Os males acometem qualquer indivíduo, mas quem tem problemas de varizes, está acima do peso ou é sedentário sofre mais com as dores nos membros inferiores. Crianças e idosos também merecem atenção.
DIABETES
Soma-se a essa lista os diabéticos. A doença afeta os pés, que precisam de cuidados redobrados. A advogada Paula Braccini, de 27 anos, sabe muito bem que a falta de vigilância pode piorar a condição clínica. Já se preparando para cair na folia, ela não deixa de levar lenços e meias grossas extras. “Os pés de quem tem diabetes não podem ficar molhados nem ressecados. Entre um desfile e outro, eu tiro o tênis, seco e troco as meias”, conta.
A medida é aprovada pelo angiologista Daniel Mendes Pinto, membro da Comissão Nacional de Atuação Multidisciplinar de Diabetes e Pé Diabético da SBACV. Ele reforça que usar o lenço é uma medida correta e a meia absorve a sudorese (suor).
O especialista diz, ainda, que os jovens portadores de diabetes devem ser os mais cautelosos com os membros inferiores. “É mais comum entre eles a perda de sensibilidade protetora dos pés, ficando com maior predisposição para pequenos ferimentos nos pés, e o diabético já enfrenta um processo de cicatrização mais difícil”, explica.
Nesses casos, o ponto crítico é o calçado, que deve ser fechado. “Tem que evitar sandálias, principalmente as emborrachadas, que não oferecem proteção adequada”, complementa Daniel Mendes.
ÁLCOOL
Bebidas alcoólicas em excesso também contribuem para o inchaço nas pernas e pés. De acordo com o angiologista Marcelo Moraes, o álcool estimula a diurese (aumento da urina), favorecendo a desidratação e piorando a circulação do sangue nas pernas.
A orientação é moderar no consumo desse tipo de líquido, alternando com a ingestão de água. “A ordem é manter a hidratação do corpo”, afirma o médico.
Escalda-pés para aliviar
Para quem não quer deixar de curtir a folia por conta de problemas nos membros inferiores, especialistas recomendam adotar atitudes desde já para evitar dores e inchaços. Fazer caminhadas diárias, por cerca de 30 minutos, é, inclusive, uma boa pedida para ir acostumando o corpo com a maratona que está por vir.
Alongamentos são bem-vindos, afirma Maria José Ranuzia, especialista em massoterapia e professora do curso de estética e cosmética das Faculdades Promove. Segundo ela, os exercícios ajudam tanto a coluna, também afetada pelas longas horas em pé, quanto as pernas.
Entre os desfiles de blocos, Maria José, indica fazer automassagem nos pés e na panturrilha com um gel à base de menta. “Em casa, no fim do dia, também pode fazer escalda-pés com água quente, sal grosso e umas três gotas de óleo essencial de lavanda. É relaxante e melhora a circulação. Assim, a pessoa vai conseguir manter o ritmo. Outra dica é manter as pernas para cima por alguns minutos”, explica a docente.
O folião também deve ficar de olho na alimentação e evitar a ingestão de produtos ricos em sódio, que ajudam na retenção de líquido no corpo, alerta a nutricionista Ana Carolina Barbosa Duarte, professora das Faculdades Kennedy. “Já os que têm potássio, como laranja e banana, além da água de coco, são indicados”.
O ideal seria que pessoas com problemas de varizes buscassem tratamento antes do Carnaval, para amenizar os sintomas.
Porém, como não dá mais tempo para se submeter a algum procedimento, Marcelo Moraes, diretor da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular, recomenda ao paciente se orientar com um profissional já ao fim da festa de Momo.