Medicina integrativa ainda sem espaço em Montes Claros

Práticas são ofertadas pelo SUS em várias cidades brasileiras, mas depende também de verba municipal

Márcia Vieira
27/04/2019 às 07:14.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:25
 (MÁRCIA VIEIRA)

(MÁRCIA VIEIRA)

Vinte e nove práticas integrativas e complementares (PICs), como acupuntura, aromaterapia e yoga, estão presentes em 54% dos municípios brasileiros na rede pública de saúde, pelo SUS, a partir de aprovação pelo Ministério da Saúde.

Um projeto implantado em Campinas (SP) demonstrou que, de 2006 a 2012, o uso de anti-inflamatórios nos postos de saúde foi reduzido em 47% a partir da implantação da acupuntura e outras terapias. Montes Claros, porém, não oferece o serviço que pode ajudar e muito na prevenção e tratamento de doenças. Além de aumentar o bem-estar da população.

O tema foi discutido em Audiência Pública na Câmara Municipal, proposta pelo vereador Aldair Fagundes (PT), com envolvimento de pessoas ligadas às atividades. Embora comprovada a diminuição de custos com tratamentos de doenças e os benefícios que as terapias integrativas oferecem aos pacientes, a situação está longe de se tornar realidade em Montes Claros.

O recurso disponível até o momento é de R$ 300 mil e disponibilizado pelo Ministério da Saúde por meio de convênio para implantação do projeto, mas há outras competências que são da prefeitura.

A médica Ariadna Janice Drumond é autora de um projeto que contempla as diversas gamas da medicina a serem inseridas no município e aponta que a alopatia, homeopatia, medicina antroposófica, medicina ayurvédica e medicina tradicional chinesa tiram do senso comum a certeza de que a biomedicina seria portadora exclusiva da racionalidade.
 
DIREITO DE ESCOLHA
“Não queremos acabar com nenhuma racionalidade médica. Precisamos agregar e somar as práticas. O objetivo não é acabar com a indústria farmacêutica, mas usar o medicamento alopático racionalmente. As academias hoje incluem práticas educativas para formar o profissional da saúde com conhecimento dessas práticas e permitir que a população tenha o direito de escolha. A projeção de gasto anual é de R$ 793 mil. Está comprovado que o custo benefício é muito grande. O município deve fornecer e dar à população o direito de escolha”, diz Ariadna.

O vereador Edmílson Magalhães (PSDB) acha importante a medida e apoia o projeto caso seja colocado na pauta da Câmara, mas o parlamentar criticou a gestão municipal e reforçou a necessidade de se tratar a saúde como um todo.

“Em Montes Claros, infelizmente, falta gestão, falta coerência, falta responsabilidade. Quando a gente vê postos de saúde sem médicos, a gente fica desanimado para implantar no município uma prática alternativa”.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, o espaço para receber um horto medicinal e centro de tratamento integrado já existe – o antigo Centro de Convívio no bairro Vila Atlântida, desativado no início da administração do prefeito Humberto Souto. Entretanto, os recursos para a reforma ainda não estão em caixa.

Sobre a falta de médicos nos postos de saúde, denunciada pelo vereador Edmílson, a secretária de Saúde, Dulce Pimenta, disse que “estão faltando 15 médicos no saúde da família, mas as vagas estão em aberto para contratação”. “Estamos fazendo esforço e a situação nos preocupa”, admitiu.

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