Cigarro favorece expansão do câncer no Norte de Minas

São 800 novos casos da doença de pulmão, cabeça e pescoço por ano arquivo pessoal

Carlos Castro Jr.*
31/08/2019 às 06:59.
Atualizado em 05/09/2021 às 20:21
 (ARQUIVO PESSOAL)

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Os hospitais Dilson Godinho e Santa Casa, referências em atendimento oncológico no Norte de Minas, recebem juntos aproximadamente 800 novos pacientes todos os anos com câncer de pulmão, cabeça ou pescoço. De acordo com especialistas, quase sempre a doença está relacionada ao uso do cigarro. 

O número de vítimas de câncer por tabagismo na região pode ser ainda maior, se levar em conta que a doença (dependência de nicotina) tem relação com aproximadamente 50 enfermidades, como câncer de laringe, de faringe, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, rim, bexiga, do colo de útero e leucemia.

Segundo o médico Lucas Ferreira Bicalho, especialista em tratamento de câncer de pulmão, cabeça e pescoço, a maioria dos pacientes com diagnóstico deste tipo da doença são homens, tem mais de 40 anos e fumantes. 

“Pessoas com sinais de alarme que duram mais que 14 dias, como ferida na língua, dor de garganta, dificuldade para engolir, rouquidão ou caroço no pescoço devem procurar atendimento médico”, diz o especialista. 

Ele ressalta que a maioria dos pacientes é diagnosticada em estados avançados da doença, o que compromete a cura e aumenta as sequelas funcionais e estéticas.

No último dia 29 foi celebrado o Dia Nacional de Combate ao Fumo e durante toda a semana várias ações de alerta e combate ao vício foram realizadas na cidade e no país.
 
FORÇA DE VONTADE
Exemplo de quem conseguiu largar o vício em tabaco, Luan Vieira, de 31 anos, chegou a fumar dois maços de cigarro por dia. Parou há um ano e oito meses depois que descobriu que seria pai. “No início foi difícil, mas hoje não me importo nem se tiver alguém fumando por perto. Não sinto mais necessidade de fumar. Acredito que a decisão fez bem para minha saúde”, avalia.

Mortalidade feminina só vai estabilizar em 2030
A taxa de mortalidade das mulheres brasileiras por câncer de pulmão, doença relacionada ao tabagismo, só vai parar de crescer em 2030. É o que mostra o estudo “A curva epidêmica do tabaco no Brasil: para onde estamos indo?”, apresentado nesta semana pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) como parte das atividades do Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado no dia 29. 

Segundo a pesquisadora do Inca Mirian Carvalho, uma das responsáveis pelo estudo, a estabilidade da morte pela doença entre os homens começou na década de 1990, mas os efeitos das políticas de controle do tabagismo demoram mais para aparecer entre as mulheres porque, historicamente, elas começaram a fumar depois. 

De acordo com a pesquisadora, as políticas de controle do tabagismo no país começaram em 1986 e a queda da prevalência de fumantes na população adulta entre 1989 e 2013 foi de 56% entre os homens e 59% entre mulheres. Em 1989, 47% dos homens brasileiros fumavam e, entre as mulheres, o índice era de 27%. A proporção reduziu para 23% dos homens e 14% das mulheres em 2008 e, em 2013, estava em 19% dos homens e 11% das mulheres.

*Com Christine Antonini e Agência Brasil

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