Pela primeira vez, cientistas conseguiram registrar a ocorrência de lesões cerebrais em um feto de macaco cuja mãe foi infectada pelo vírus da zika. Antes disso, pesquisadores só tinham conseguido reproduzir a microcefalia por zika em camundongos, em um importante estudo brasileiro publicado em maio na revista “Nature”.
Pesquisas anteriores também já tinham sido bem sucedidas em infectar primatas não-humanos com o vírus da zika, mas esta é a primeira vez que se consegue reproduzir malformações decorrentes do vírus nesses animais.
Trata-se de um avanço importante, já que primatas humanos e não-humanos têm muitas similaridades, por isso os macacos podem servir para testar estratégias terapêuticas contra o vírus de forma mais eficiente do que os roedores.
RESULTADOS
O estudo liderado por pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, foi publicado na revista nesta segunda-feira (12). Os resultados eliminam qualquer dúvida que possa ter restado de que o vírus da zika é incrivelmente perigoso para o feto em desenvolvimento e dá detalhes de como as lesões cerebrais se desenvolvem, afirmam os pesquisadores.
Ainda segundo eles, os problemas observados no desenvolvimento cerebral dos fetos de primatas são compatíveis com a síndrome congênita do zika observada em humanos. Por isso, uma estratégia de prevenção da microcefalia deveria ser tomada no momento da picada do mosquito para impedir a ação do vírus ou por meio de vacina, de acordo com os pesquisadores.
O estudo, que foi feito com uma espécie de primata denominada Macaca nemestrina, mostrou ainda que o nível de vírus presente no cérebro do feto era mais alto do que o encontrado na mãe.