(MANOEL FREITAS)
Festas de fim de ano já estão aí e muitos casais que estão à espera da chegada do bebê agendam o nascimento – por meio de cesarianas – para antes do Natal, para evitar o risco de o parto acontecer em plenas comemorações. Pesquisa realizada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) revela que isso tem sido uma prática nos hospitais.
Para alertar os pais e médicos sobre os riscos de se antecipar o nascimento da criança, a ANS, em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement (IHI), lançou a campanha “A hora do bebê: pelo direito de nascer no tempo certo”. O objetivo é incentivar o parto normal e conscientizar as futuras mães e toda a rede de atenção obstétrica sobre os riscos da realização de cesáreas sem indicação clínica.
A campanha foi lançada no início de dezembro porque, segundo dados da ANS sobre partos realizados por beneficiárias de plano de saúde, há redução de cesarianas no final deste mês e aumento no período anterior ao Natal.
De acordo com a ANS, em 2017, a média de cesarianas na semana de 24 a 31 de dezembro foi 20% menor do que a média semanal do ano, enquanto a média entre 16 e 23 de dezembro foi 9% maior do que a média anual.
Isso indica agendamento dos partos que ocorreriam na semana entre Natal e Ano Novo. Em 2016, houve diminuição de aproximadamente 40% no número de cesáreas realizadas no período de 24 a 31 de dezembro, comparado com a média semanal de cesarianas.
RISCOS
Segundo a ANS, há evidências científicas de que bebês nascidos de cesarianas são internados em UTI neonatal com mais frequência e, quando não há indicação clínica, a cesariana pode aumentar o risco de morte da mãe e as chances de complicações respiratórias para o recém-nascido.
Isto porque, se o parto for realizado antes das 39 semanas de gestação, o nascimento pode ocorrer sem a completa maturação pulmonar do bebê, além de o trabalho de parto também completar o ciclo de amadurecimento do bebê.
De acordo com Mayara Quadros, obstetra do Hospital das Clínicas Dr. Mário Ribeiro, em Montes Claros, a campanha é de extrema importância e se faz necessária em um país como o Brasil, com altas taxas de cesariana.
“O que observamos é que, no final do ano, as cesáreas são muitas vezes antecipadas em função das festas. Essa antecipação pode-se dar por uma conveniência da agenda médica ou por uma preferência da paciente. O fato é que as mulheres precisam estar conscientes e orientadas de que não há nenhum exame na medicina que possa garantir que esse bebê está no tempo certo de nascer”, disse.
Ainda de acordo com Mayara, o principal sinal de que este bebê está maduro, do ponto de vista pulmonar, para vir ao mundo é o trabalho de parto. “O bebê escolhe o tempo de vir ao mundo. Alguns, até 41 semanas, onde o trabalho de parto vai sinalizar que é o tempo certo para aquele bebê. A cesariana agendada tem um risco maior de que esse bebê nasça com uma dificuldade respiratória, que ele precise de oxigênio ou que ele necessite ser admitido em uma UTI neonatal”, ressaltou.
* Com Agência Brasil