Beleza com segurança

Buscar informações sobre procedimentos estéticos e profissionais é fundamental

Da Redação*
Montes Claros
15/08/2018 às 07:20.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:56

Minas Gerais é o terceiro no ranking de cirurgias plásticas no país. Só no ano passado, 70 mil procedimentos foram realizados no Estado, não apenas por questões estéticas, mas também por necessidades clínicas. Os dados são da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).

Independentemente do objetivo, alguns cuidados são importantes quando se opta por uma intervenção. Como O NORTE mostrou na edição de ontem, não são raros os casos em que os procedimentos podem ter resultados indesejados e a situação acabar nos tribunais. No período de janeiro a julho de 2015 a 2018, a região registrou 67 denúncias de erros médicos à Justiça.

Algumas medidas devem ser tomadas para evitar desde aborrecimentos simples a complicações mais graves ou até fatais, como a morte de uma bancária de 46 anos, no mês passado, após bioplastia no glúteo feita por um médico sem registro no Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro.

A bioplastia é uma técnica sem cortes, que visa dar volume ou acertar os contornos do bumbum ou outras partes do corpo, por meio do preenchimento com material sintético.

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBPC) e entidades médicas alertam para os cuidados e fazem algumas recomendações.
 
SILICONE
O único silicone autorizado para aplicação no corpo é o de grau médico –que é envolto em cápsulas de revestimento, os chamados implantes de silicone. O silicone industrial é proibido pela Anvisa por causar danos à saúde. O produto se espalha facilmente pelo organismo. 

“A gente não sabe para onde vai (silicone industrial). Pode colocar no glúteo e parar no pé. Vai descendo pela perna”, explica o presidente da SBPC regional Rio de Janeiro, André Maranhão.

Já o polimetilmetacrilato (PMMA), componente plástico (em formato de gel), pode ser usado para o preenchimento cutâneo de pequenas áreas do corpo. De acordo com a Anvisa, só pode ser aplicado por médico treinado. E cabe ao médico definir a quantidade para cada paciente.

Apesar de oferecer possibilidade menor de migrar pelo corpo, apresenta também risco à saúde.
 
FORMAÇÃO
A recomendação é procurar um profissional qualificado em tratamentos estéticos, como cirurgião plástico. Para atuar nessa área, é exigido formação de seis anos na faculdade, dois anos em cirurgia geral e três anos em cirurgia plástica.

“São 11 anos de estudo para permitir ao médico realizar um procedimento com segurança e, caso aconteça alguma intercorrência, ele seja capaz de diagnosticar e de tratar em tempo hábil”, diz o diretor-geral da SBCP Nacional, Leandro Pereira.

No site da SBCP, consta o nome de todos os cirurgiões plásticos cadastrados no Brasil, com formação reconhecida.

O ideal é que o paciente verifique: se o profissional é médico registrado, qual a especialidade, titulação e local onde opera. Essas informações estão disponíveis na página dos conselhos regionais na internet.

Caso o profissional não seja médico, deve ser denunciado à polícia.
 
MÉDICO/PACIENTE
Leandro Pereira ressaltou que o paciente deve ter uma boa relação com o médico para que todas as dúvidas sobre o resultado do procedimento ou possíveis complicações sejam esclarecidas.

“A busca de profissionais somente por redes sociais pode se tornar perigosa, já que o número de seguidores não quer dizer a capacidade técnica e profissional do médico”, disse.
 
DIÁLOGO
O cirurgião plástico mineiro Fábio Campos já realizou cerca de 4 mil procedimentos nos últimos 20 anos. Para ele, pacientes que desejam fazer intervenções estéticas devem conversar com um médico de confiança para descobrir qual a mais adequada.

“Cirurgias plásticas não são milagre, são tratamentos médicos. Trazem grandes benefícios, mas nós precisamos esclarecer o paciente. Não se pode fazer tipo uma venda, fantasiando o produto para conquistar a pessoa”, explica.

No caso do glúteo, Campos defende que há opções melhores do que o preenchimento feito com PMMA –o mesmo utilizado na mulher que morreu no Rio.

“Há, por exemplo, o enxerto de gordura, popularmente conhecido como lipoescultura. A gordura é retirada de uma parte do corpo e injetada na região glútea. Esse enxerto não dá tanto volume”, afirma o médico.

Ele acrescenta: “temos a prótese de silicone, que é semelhante à implantada nos seios, mas feita com um produto projetado justamente para promover o aumento no glúteo”.

Apesar de não recomendá-la, o cirurgião explica que a bioplastia é um procedimento permitido, desde que seja feita dentro dos padrões de segurança e com orientação do médico.

“O importante é o paciente escolher o produto correto e saber as vantagens, que são poucas, e os riscos. E, claro, fazer a cirurgia em ambiente adequado, bloco cirúrgico, onde possa ser socorrido em caso de eventualidade”, alertou.
* Com Agência Brasil 

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