UFV cria substância que detecta micro-organismos em hospitais e indústrias

Vivian Chagas*
@vivisccp | Especial HD
09/11/2021 às 10:30.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:13
 (ARQUIVO PESSOAL)

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Pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em conjunto com a Universidade Laval, no Canadá, desenvolveram uma substância capaz de detectar, em menos de um minuto, a presença de bactérias em hospitais e indústrias de alimentos.

A fórmula utiliza a proteína de um vírus que infecta especificamente bactérias do gênero Pseudomonas – uma das que mais atormentam o controle de qualidade das indústrias de alimentos.

Para identificá-las, basta pingar uma gota da substância nas superfícies ou em soluções com suspeita de contaminação. Se as bactérias estiverem presentes, uma espécie de “grumo” preto se formará no local em menos de um minuto. 

“De vez em quando, micro-organismos ou enzimas conseguem se manter ativos mesmo após o processamento, causando problemas no rendimento dos produtos e na qualidade e aparência dos alimentos”, explica a pesquisadora Monique Eller, professora do Departamento de Tecnologia de Alimentos (DTA) da UFV e uma das responsáveis pela invenção.

No leite, se a contaminação aconteceu antes do tratamento térmico, as enzimas que não foram inativadas continuam agindo dentro da caixinha, provocando uma espécie de “nata” no fundo da embalagem, processo conhecido como gelificação.

“O desenvolvimento dessas bactérias em produtos lácteos gera manchas coloridas nos mesmos e afeta o rendimento na produção dos derivados, causando muitos prejuízos”, complementa a pesquisadora.
 
SIMPLES E EFICAZ
A técnica é inovadora, segura, de fácil manipulação e não exige equipamentos especiais ou intermediários para realização. O pedido de patente da tecnologia já foi registrado no Brasil e as pesquisas foram finalizadas. 

“O que falta para que a solução chegue no mercado são parcerias com empresas para transferência e escalonamento do processo”, diz Monique Eller. 

PERIGO 
Nos hospitais, a bactéria que incomoda é a Pseudomas aeruginosa. A espécie, do mesmo gênero, é mais perigosa e causa infecções em pacientes já debilitados. 

“A presença dela está ligada a infecções em vítimas de queimaduras, de problemas hematológi-cos e dos tratos urinário e respiratório. O biofilme produzido pelas bactérias desta espécie entope cateteres e também pode abrigar outros patógenos presentes no ambiente, provocando infecções hospitalares”, explica a executora da pesquisa, Jéssica Fernandes Carvalhais.

No ambiente hospitalar, para fazer o teste, também é necessário apenas aplicar uma gota da substância na área com suspeita de contaminação.

Para a médica e pesquisadora Izabela Botelho, que também integra a equipe, a identificação precoce dos micro-organismos causadores de infecções nas clínicas e hospitais poderá direcionar medidas de tratamento mais assertivos com antibióticos, diminuindo a seleção de micro-organismos resistentes e reduzindo o número de tratamentos inespecíficos ou mesmo incorretos aplicados.

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