Salões de beleza podem ser foco de inúmeras doenças

Compartilhamento de materiais e produtos traz risco de contaminação

Christine Antonini
23/10/2019 às 07:11.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:21
 (LEO QUEIROZ)

(LEO QUEIROZ)

Debaixo da pontinha de um palito de unha podem estar escondidas inúmeras bactérias e fungos que ameaçam a saúde dos frequentadores dos salões de beleza. Os órgãos de vigilância sanitária recomendam que cada cliente leve os itens cortantes que vai usar, como alicates de unha e empurrador de cutículas. Mas isso não basta para evitar contágios. É necessário ficar atento a outros objetos, como lixa de unha e até esmalte. 

As doenças causadas pelo uso compartilhado de objetos em um salão de beleza não são poucas. Micoses, dermatite, impetigo (causado pelo compartilhamento de toalhas), hepatites, problemas provocados por bactérias e fungos e até HIV – a lista é longa e vai além do salão de beleza tradicional, incluindo o estabelecimento de estética, onde o cuidado deve ser redobrado. 

“Tudo o que for entrar em contato com a pele, cabelo e unhas deve ser de uso individual ou higienizado e esterilizado em autoclave. Então, não devem ser compartilhadas pinças, espátulas, palitos, tesouras, alicates, lixas e esmaltes. As escovas e pentes devem ser higienizados entre um cliente e outro”, pontua Fernanda Angeli, médica dermatologista do Hospital das Clínicas Dr. Mário Ribeiro. 

Desde 2014, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vetou a utilização de lixas e bacias para amolecer cutículas e fissuras do calcanhar. De acordo com o órgão, só são permitidas as botinhas com creme, algodão molhado ou sem nada. Lixas e palitos devem ser descartáveis, ou seja, desprezados após o primeiro cliente. Os materiais compartilhados devem ser esterilizados em uma máquina de autoclave. 
 
CONTÁGIO 
Uma das doenças que podem ser contraídas nesses ambientes é a erisipela – doença infecciosa aguda, caracterizada por uma inflamação da camada superficial da pele. A balconista Laís Lorrane Abreu contraiu erisipela em um salão do bairro onde mora. Há mais de um mês, está em tratamento, à base de antibióticos. 

“Meu pé começou a inchar e logo procurei um médico, pois achei que podia ser algo relacionado ao coração. Quando fui diagnosticada com erisipela, lembrei que no dia em que fui ao salão havia uma mulher com o pé bem ferido. Sem prestar atenção, deixei a moça lixar o meu pé com uma lixa compartilhada”, conta a balconista. 

Cabelos e maquiagem exigem cuidados 
Esteticista do SPA Escola da Funorte, Alexandra Medeiros explica que, para uma limpeza correta dos objetos, são necessários água e detergente, depois da autoclave a vapor na temperatura de 120° a 130° graus. 

“Uma coisa que as pessoas não prestam atenção é quanto à higienização das escovas e pentes que, mal limpas, podem transmitir fungos e bactérias ao couro cabeludo, levando à perda dos cabelos”, orienta a esteticista, especialista em doenças do couro cabeludo. 

Também é fundamental ficar atento à maquiagem: a conjuntivite infecciosa, por exemplo, pode ser transmitida pelo compartilhamento de lápis de olho e rímel. Já a mononucleose, ou “doença do beijo”, pode ser contraída em batons e gloss. Causa febre, dor de garganta e tumefação dos gânglios linfáticos. 

O impetigo pode ser transmitido ao compartilhar materiais contaminados como toalhas, lençóis, protetores de maca e de cadeira e espátulas.

Já a dermatite seborreica é uma inflamação crônica, que pode ser contraída por meio das escovas e pentes.

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