Pandemia e isolamento social podem gerar quadros de ansiedade e depressão

Rodrigo Gini
rgini@hojeemdia.com.br
19/05/2020 às 00:29.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:32
 (pixabay)

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Reflexos no corpo, mas também na mente. A pandemia do novo coronavírus, com o cenário de confinamento, de quebra da rotina e as incertezas envolvendo o futuro – emprego, mercado de trabalho, adaptação a uma nova realidade – têm feito com que o psicológico se ressinta. 

A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para a iminência de uma crise mundial de saúde mental por conta dessa situação. “O isolamento, o medo, a incerteza, o caos econômico causam ou podem causar sofrimento psicológico”, afirma a diretora do Departamento de Saúde Mental do órgão internacional, Devora Kestel.

No Brasil, uma pesquisa do Laboratório de Neuropsicologia Cognitiva e Esportiva da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com 1.460 pessoas em todo o país, feita em dois momentos (março e abril), constatou aumento de 80% nos quadros de ansiedade e estresse e de quase 50% nos de depressão ao longo do período.
 
ACONSELHAMENTO
Realidade que a professora Cláudia Lins Cardoso, do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), já averiguou. Ela coordena um serviço de aconselhamento on-line criado para a comunidade universitária durante a pandemia, cuja procura se intensificou. E considera que a situação inédita para a humanidade trouxe dúvidas e reflexões que devem ser trabalhadas.

“As pessoas estão sofrendo. O mundo saiu da zona de conforto. Estamos vivendo um clima de incerteza, limitações e perdas em todos os aspectos, e obrigados a lidar com o tempo de uma forma nova. Muitas vezes, a falta dele maquiava problemas familiares ou situações que, agora, vêm à tona. Também há quem não consiga aproveitar esse tempo à disposição. Vão ficar muitas sequelas econômicas, sociais e familiares, mas, por outro lado, a perspectiva da morte pode ser oportunidade interessante para as pessoas cuidarem da vida. Um convite para rever o que realmente importa. Será uma nova normalidade e quem tiver mais flexibilidade para se adaptar terá mais qualidade de vida. Ficar preso ao que era e como era vai provocar mais sofrimento. A hora é de olhar para a frente, sem receio”, frisa.

Para Cláudia, o primeiro passo é procurar aproveitar a situação da melhor forma. “O mais importante é olhar o aqui e o agora, questionar o que se pode fazer de melhor, como aproveitar as pessoas ao redor de uma forma que provavelmente não teremos mais. Isolamento não significa distância total”.
 
ESTUDO
O estudo da UERJ foi feito em parceria com Matthew Stults-Kolehmainen, do Yale New Haven Hospital, nos EUA. E, além de diagnosticar a condição dos entrevistados, procurou mapear o que favorece o aumento de estresse, ansiedade e depressão.

De acordo com a análise, as mulheres são mais propensas do que os homens a sofrer com estresse e ansiedade na quarentena. Outros fatores de risco são: alimentação desregrada, doenças preexistentes, ausência de acompanhamento psicológico, sedentarismo e a necessidade de sair de casa para trabalhar. 

Já para depressão, as principais causas são idade avançada, ausência de crianças em casa, baixo nível de escolaridade e a presença de idosos em casa.

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