Pandemia amplia o dicionário: palavras como quarentena, lockdown e até 'coronga' invadem o dia a dia

Luisana Gontijo
Hoje em Dia - Belo Horizonte
23/06/2020 às 00:59.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:50
 (ARTE HD)

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A pandemia que atinge vários países, como o Brasil, insere no nosso dia a dia palavras que não falávamos com frequência, algumas de outros idiomas e até termos e expressões criados neste momento.  Para início de conversa, dois dos vocábulos mais usados atualmente, novo coronavírus e Covid-19, já confundem muita gente. Novo coronavírus é um vírus que causa infecção respiratória. Há outros coronavírus atuando por aí, mas, este, o “novo”, é o Sars-Cov-2, descoberto na China, em dezembro passado. E Covid-19 é o nome da doença causada por ele. Professora do Programa de Pós-Graduação em Letras da PUC-Minas, a linguista Arabie Bezri Hermond explica que, quando surge uma doença, uma tecnologia, um aparelho ou uma forma de tratamento, aparecem também novas palavras.  “Temos necessidade de nomear novos referentes no mundo extralinguístico, a gente cria novas palavras. Por outro lado, existem palavras que estavam meio dormentes no dicionário e elas são reavivadas”, diz. Uma dessas é quarentena, de uso não muito comum por gerações mais novas, cujo significado, em princípio, é resguardar por 40 dias. “Mas, hoje, tem uma extensão do sentido de quarentena. Eu, por exemplo, estou há 90 dias em casa”, brinca Arabie Hermond. Água sanitária, também, ressalta a especialista, está entre as palavras muito faladas atualmente, às quais, talvez, pessoas mais jovens nem prestassem atenção, por motivos como não estarem acostumadas à tarefa de limpar a casa.  Outra palavra reavivada, aponta, é máscara. Respirador, exemplifica ainda a professora, é muito usada no ambiente médico, mas a maioria de nós não prestava atenção.  “ALQUINGEL”Há também as ironias, como falar alquingel (álcool em gel), coronha e coronga, em referência ao coronavírus, loca down, em um trocadilho com lockdown (bloqueio total). “Algumas dessas palavras são termos mais tecnológicos e, outras, a gente vai tornando tão íntimas, que vai brincando com elas, fazendo esses neologismos”. Com a Covid-19 espalhada pelo mundo, explica Arabie Hermond, fica caracterizada a pandemia, outra palavra que temos usado muito, que mostra que a doença é universal. O prefixo grego “pan”, ensina a professora, dá uma ideia de extensão, de grande abrangência. Pandemia, então, é uma epidemia generalizada. IMPORTADASAlém disso, nós importamos algumas palavras, lembra a linguista, como lockdown (bloqueio total). A expressão vem da língua inglesa, da qual costumamos importar muitos vocábulos, inclusive por ser um idioma muito abrangente.  “A palavra live (ao vivo) também parece ter-se institucionalizado de vez no português depois da pandemia”, avalia.  

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