(Pedro Gontijo/Imprensa MG)
Conduta antiética que pode render 12 anos de cadeia, furar a fila da vacinação contra a Covid-19 tem se transformado em mais um grande desafio durante a pandemia em Minas. Os casos investigados não param de chegar à Ouvidoria-Geral do Estado (OGE), principal canal de denúncias. A média é de 19 queixas a cada 24 horas.
Em apenas 15 dias, desde o início da imunização, 296 denúncias foram recebidas pelo órgão. Na primeira etapa da vacinação, só podem ser imunizados médicos e enfermeiros, índios que vivem em aldeias e idosos internados em asilos.
A aplicação do imunizante nessas pessoas tem ocorrido nos hospitais, durante visitas a terras indígenas ou nas próprias instituições de longa permanência.
Vale lembrar aos furões que a proteção plena contra o coronavírus só fica garantida após a segunda dose.
“Isso extrapola a ciência. Tem a ver com ética, respeito e cidadania. O que será feito a partir de agora compete aos gestores”, destaca o infectologista Estevão Urbano, que integra o comitê de combate à Covid-19 em Belo Horizonte.
INVESTIGAÇÃO
Quem desrespeita a ordem prioritária pode ser responsabilizado com penas administrativas, multa ou ser preso, quando o infrator ocupa cargo público.
As denúncias recebidas pela Ouvidoria passam por avaliação e, depois, são encaminhadas aos órgãos competentes, como o Ministério Público. Não há informações, até o momento, de quantas pessoas furaram a fila.
No entanto, alguns casos ganharam repercussão. Semana passada, um secretário municipal de Santa Luzia, na Grande BH, foi demitido após receber a CoronaVac. A conduta foi descoberta após auditoria. Pessoas envolvidas na fraude também foram exoneradas.
MAIS RECLAMAÇÃO
Ao todo, desde 18 de janeiro, a Ouvidoria-Geral do Estado recebeu 764 manifestações relativas à vacinação. Além dos 296 supostos “fura-filas”, há pedidos de informações, reclamações e sugestões.
As denúncias da imunização de pessoas não pertencentes ao grupo prioritário devem ser feitas na OGE, Disque-Saúde (136), Ministério Público e Ouvidoria do Ministério da Saúde.
* Com informações de Luiz Augusto Barros e Maria Amélia Ávila, do Hoje em Dia