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Quem já tinha as reações viu os sintomas piorarem. Outros, que sequer reclamavam, agora convivem com os incômodos. As alergias estão pipocando na pandemia. Pele vermelha, feridas nas mãos e no rosto, coceira, espirro e coriza, só para citar alguns exemplos, são sinais do organismo pedindo socorro. Não há números relativos ao aumento dos casos, mas a procura por ajuda é comprovada nos consultórios particulares, clínicas e hospitais.
Os gatilhos para os desconfortos – sem o devido tratamento podem desencadear situações graves ou até matar – são a higienização excessiva por sabonete ou álcool em gel e o uso desenfreado dos produtos de limpeza na casa, como a água sanitária. O estresse em meio ao turbilhão de mudanças e incertezas trazidas pela Covid-19 também pode intensificar os problemas cutâneos e respiratórios.
Aliado a isso, outro agravante é a atual época do ano, com dias mais quentes e secos. Mas, não há motivo para pânico – apenas para alerta. Especialistas reforçam ser possível manter os cuidados para barrar o coronavírus sem agredir o corpo. Evitar excessos e escolher bem os produtos na hora da faxina, dando prioridade para aqueles que são neutros.
Proprietária de uma clínica de estética em BH, a médica Paula Laguardia Spies avalia que há um certo exagero no uso do álcool 70%. Em alguns casos, o problema pode ser maior do que o simples incômodo. “A ponto de haver risco de uma alergia generalizada. Processos alérgicos não costumam atingir só o lugar de contato. Podem levar a uma urticária, por exemplo, atingindo todo o corpo”, ressalta.
PROCURA
Chefe da Clínica de Dermatologia da Santa Casa de BH, Maria Sílvia Laborne Alves de Sousa atesta a procura maior durante a pandemia. “O que mais atendo no consultório é exatamente isso: alergias, manifestações no rosto e queda de cabelo”.
Conforme a especialista, a pele tem o manto lipídico de lubrificação – uma espécie de película que protege a epiderme –, que sofre perdas no decorrer dos anos. Nesta época do ano, essa barreira natural diminui e o excesso de limpeza se torna um agravante. “É preciso hidratar”, afirma.
Coordenadora do curso de Estética e Cosmética das Faculdades Promove, Patrícia Barros Carvalhaes também pondera que muitas pessoas estão se esquecendo da hidratação da pele após a higienização. Como alternativa, a docente recomenda o uso de álcool em gel com hidratante na fórmula.
ESTRESSE
Não bastassem as alergias, o estresse pode provocar reações no maior órgão do corpo. Aumento da oleosidade e acne também são efeitos da pandemia na pele de algumas pessoas, devido ao nervosismo e ansiedade.
Para se cuidar, além de tentar controlar as emoções, é preciso buscar ajuda.
MÁSCARAS
Principal aliada de quem precisa ir às ruas durante a pandemia, a máscara também requer cuidados. Tem muita gente usando água sanitária para desinfetar o equipamento de proteção, mas o excesso de zelo pode provocar reações na pele. O ideal é usar, sempre, sabão neutro.
SOCORRO
Quem perceber que está apenas com a mão seca, sem irritações ou manchas, deve usar hidratantes. Mas, se a pessoa tem alguma lesão ou irritação deve procurar um médico. A maioria dos tratamentos é por medicamento. Mas cada paciente deve ser avaliado conforme a manifestação alérgica. Alguns casos demandam um acompanhamento continuado, e não só durante as crises.
* Com Renato Fonseca