Fator de risco para Covid, obesidade cresce na pandemia

Médica alerta que doença crônica que atinge grande parcela da população brasileira deve ser tratada com compromisso e respeito

Adriana Queiroz
O NORTE
10/04/2021 às 00:51.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:39
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Montes Claros está com aulas suspensas, parques, shoppings e academias fechados em função da pandemia. Em isolamento, muita gente precisou se adaptar a uma nova rotina. As mudanças do dia a dia influenciam para que as pessoas tenham menos hábitos saudáveis e, até mesmo, para que a ansiedade seja resolvida comendo.

Resultado disso é que o sobrepeso e a obesidade aumentam em função do sedentarismo e por uma alimentação geralmente rica em gorduras e açúcar. E aumentam em um período complicado, em que os quilos a mais na balança podem se apresentar como um agravante em caso de contaminação pelo novo coronavírus.

Segundo dados do Ministério da Saúde, quase 60% dos brasileiros apresentam sobrepeso e 20% estão enquadrados na faixa da obesidade. Para esclarecer os riscos da obesidade em pacientes com Covid, O NORTE conversa com a médica endocrinologista Ísis Gabriella Antunes Lopes Veloso, membro titular da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e professora do curso de Medicina da Funorte. 
 
Qual é a relação entre a obesidade e o coronavírus?
A obesidade representa um fator de risco para maior gravidade da Covid-19, sendo esse risco diretamente proporcional ao grau da obesidade (maior, por exemplo, na obesidade grau 3). No entanto, é importante lembrar que a grande maioria dos pacientes com obesidade que contraem a Covid-19 apresenta quadros leves, com excelente recuperação. Por outro lado, a pandemia do novo coronavírus também pode contribuir para a piora da obesidade (que já vinha crescendo nos últimos anos), ao levar as pessoas a ficarem mais sedentárias, alimentar-se pior e, algumas vezes, abandonarem tratamentos que vinham realizando. Perder peso no momento atual é ainda mais importante. Além de melhorar de forma geral a saúde do paciente, reduzindo o risco de diversas comorbidades, perdas de 3% a 5% do peso já podem reduzir os riscos de complicações da Covid-19. Nesse contexto, a epidemia do novo coronavírus tem contribuído para reforçar a importância de compreendermos a obesidade como uma doença crônica extremamente prevalente , que gera um impacto importante na saúde do paciente e que precisa ser tratada com compromisso e respeito.
 
Existe algum estudo que mostra o número de vítimas que tinha comorbidade?
Alguns estudos revelaram a obesidade como uma das comorbidades mais frequentes em pacientes com Covid-19 grave, porém a maioria dos estudos aponta a idade como sendo o maior fator de risco para complicação da doença. Segundo um estudo britânico, idosos teriam cerca de 3 a 30 vezes mais probabilidade de desenvolver quadro severo da infecção pelo novo coronavírus (sendo maior o risco, quanto maior a idade), enquanto pessoas com obesidade teriam 1,4 a 2,6 vezes maior risco, conforme o IMC.
 
Porque a obesidade é um risco a mais para o coronavírus? O que acontece no organismo quando a pessoa é obesa e é infectada pelo vírus?
Há várias hipóteses para justificar a relação entre a obesidade e a maior gravidade da infecção pelo novo coronavírus. Uma das mais aceitas é o fato de a obesidade cursar com um estado inflamatório generalizado, além de poder dificultar a ventilação dos pulmões e, com certa frequência, cursar com outras comorbidades que também aumentam o risco para evolução desfavorável da infecção.
 
Quando a pessoa é considerada obesa?
Obesidade é definida pelo cálculo do IMC (relação entre o peso e a altura – calcula-se dividindo o peso pela altura elevada ao quadrado), sendo o IMC entre 30 e 34,9kg/m² considerado obesidade grau 1, IMC de 35 a 39,9kg/m² obesidade grau 2, e IMC maior ou igual a 40kg/m² obesidade grau 3.
 
Quais os cuidados que as pessoas que têm diabetes devem tomar durante a pandemia?
Pessoas com diagnóstico de diabetes devem manter seu tratamento e acompanhamento, com uso das medicações prescritas, alimentação saudável e, sempre que possível, exercício, pois o controle da glicose é essencial para reduzir o risco de complicações da infecção pelo novo coronavírus. Além disso, devem seguir as mesmas orientações gerais para evitar o contágio.
 
Quem é diabético e pegou a Covid, pode continuar tomando o medicamento?
Sim, porém é importante comunicar ao médico o quadro assim que houver a suspeita/diagnóstico para avaliar a necessidade de ajuste nas medicações, pois pode haver descontrole da glicose pela Covid-19 e/ou pelas medicações usadas no tratamento.

"Além de melhorar de forma geral a saúde do paciente, reduzindo o risco de diversas comorbidades, perdas de 3% a 5% do peso já podem reduzir os riscos de complicações da Covid-19", ndocrinologista e professora do curso de Medicina da Funorte
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