'Duplo reajuste' de plano de saúde vai parar na Justiça

Idec tenta anular nos tribunais aumento em dose dupla fixado por planos de saúde para 2021

André Santos
Hoje em Dia - Belo Horizonte
06/01/2021 às 23:11.
Atualizado em 05/12/2021 às 03:51
 (Arte HD)

(Arte HD)

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) decidiu ir à Justiça contra os reajustes nas mensalidades dos planos de saúde que começam a ser aplicados neste início de ano. 

Em novembro, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determinou que o reajuste represado em 2020 – devido à crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus – fosse aplicado de forma diluída durante 12 meses, começando em janeiro. 

Mesmo assim, essa correção deverá ser somada ao reajuste anual regular deste ano. A decisão é vista pelo Idec como ilegal, já que vai causar impacto no mínimo dobrado nas mensalidades dos usuários. O Idec alega, em ação firmada na Justiça no fim de dezembro, que o reajuste é abusivo e fere o Código de Defesa do Consumidor. 

No processo, o instituto argumenta ainda que a correção das mensalidades pode ser ainda maior por conta da recomposição da mensalidade devido à mudança de faixa etária dos beneficiários. 

De acordo com o advogado e especialista em saúde do Idec, Mateus Falcão, ao decidir pelo aumento, a ANS está deixando de atuar como uma agência que deveria regular as ações entre as operadoras de planos de saúde e os consumidores. 

“O consumidor, que já é vulnerável, está mais ainda devido a toda crise que já estamos enfrentando e às incertezas do que virá pela frente”, destaca Falcão.
 
CENÁRIOS OPOSTOS
Enquanto boa parte dos consumidores vê-se mergulhada na crise, a situação dos planos de saúde é oposta. Dados da ANS, disponibilizados em uma nota técnica enviada ao Idec, mostram que o faturamento líquido das operadoras de plano de saúde saltou de R$ 11 bilhões, no 1º semestre de 2019, para R$ 13 bilhões no mesmo período de 2020 – um aumento de aproximadamente 18%, em meio ao primeiro pico da pandemia da Covid-19. 

Segundo Falcão, o balanço mostra que as operadoras não precisam realizar os reajustes. “Estamos vivendo um momento em que todos fizeram sacrifício, e infelizmente não vemos essa disposição por parte das operadoras”, afirma o advogado do Idec.

Já a Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) afirmou que “os reajustes suspensos em 2020 se referem aos impactos de custos referentes ao ano de 2019, e portanto se trata de uma recomposição anterior ao período de pandemia”. 

Além disso, a entidade diz que a pandemia “exigiu contratações extraordinárias e aquisição de equipamentos em geral com um expressivo aumento de preços devido à inflação mundial repentina para esses itens”. E sustenta que as recomposições são fundamentais “para que as operadoras possam manter o bom atendimento”.

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