Doação é desafio para bancos de leite durante pandemia

Márcia Vieira
O Norte
26/05/2020 às 03:04.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:35
 (Arquivo Pessoal)

(Arquivo Pessoal)

Em tempos de pandemia, a ida aos hospitais se tornou menos frequente. Com isso, existe a preocupação das unidades de saúde em manter serviços essenciais, como a coleta de leite materno, responsável pela promoção da saúde materno-infantil.

O único banco de leite da região está no Hospital Aroldo Tourinho (HAT) e é abastecido pelas doações de mães com condições de saúde adequada, para garantir que crianças sem acesso ao alimento, por qualquer motivo, não deixem de ser amamentadas.

Em 2019, o Hospital das Clínicas Dr. Mário Ribeiro da Silveira passou a figurar como ponto de coleta do leite materno, em uma parceria firmada com o banco de leite do HAT. Mesmo com a pandemia, a regularidade no serviço é mantida.

“Frente a este momento de emergência pública que o país enfrenta, estamos seguindo a orientação do Ministério da Saúde de que as mulheres saudáveis continuem doando leite. Cada pote de leite humano pode ajudar até dez recém-nascidos. Orientamos que é preciso tomar alguns cuidados, como o agendamento, para evitar aglomerações. Caso a mulher também tenha sintomas de gripe ou more com alguém que apresente os sintomas, nossa orientação é para que suspenda a doação neste período”, diz Fernanda Martins, responsável pelo setor no HC.
 
SOLIDARIEDADE
Mariana Caroline Monção Medeiros é doadora e reconhece a importância da atitude. Ela relata que a própria filha foi amamentada graças à ajuda de uma outra mãe de bom coração.

“Quando me tornei mãe, entendi o verdadeiro significado da amamentação. Minha filha nasceu prematura e ficou por 32 dias no CTI neonatal para ganho de peso. Porém, nos primeiros dez dias, ela não aceitou nenhuma dieta. Nem o meu leite nem as fórmulas. A cada dia recebia a notícia de que o peso diminuía e aí veio minha angústia diária. Graças a Deus, ela foi se adaptando à dieta do Hospital Mário Ribeiro. Uma dieta bem tímida, de 2 ml a cada 3 horas. E isso foi a nossa vitória. Minha filha estava sendo alimentada pelo banco de leite e foi onde eu enxerguei a importância da doação. Eu doei o meu leite mesmo sabendo que ele não iria para minha filha, mas que poderia ajudar outro bebê lá na frente. Isso deixou meu coração cheio de gratidão. Agradeço e peço a quem puder doar que faça isso, pois estará ajudando a alimentar uma criança que tanto precisa”, diz Mariana.

“Sou doadora e faço isso com muito amor, porque sei que o leite materno é muito importante e pode salvar a vida da criança que não tem acesso a ele. Uma pequena quantidade doada já ajuda muito. Eu me esforço para tirar ao menos um pouquinho todo dia. É um ato de amor. Não me custa nada e sei que estou fazendo um bem para outra pessoa. É muito gratificante”, diz Patrícia Gomes Ribeiro, também doadora por meio do HC.

Equipe do HU vai até as mães doadoras
O Hospital Universitário também tem um ponto de coleta de leite materno. A coordenadora do serviço, Verônica Veloso, alerta que houve queda na frequência, o que atribui à pandemia, que acaba gerando receio das mães de comparecerem ao local.

Em janeiro eram 23 doadoras. Em março, este número caiu para 12 e, em abril, eram oito. Para manter o serviço, uma equipe vai até a mãe interessada em doar, mas que não queira ir até o hospital e orienta sobre os cuidados higiênicos que devem ser adotados ao fazer a ordenha, bem como o armazenamento do leite.

“A maioria hoje é de mães que têm o bebê aqui no hospital. Havia uma demanda de fora, de mães que produziam muito leite e nos procuravam, mas houve uma diminuição nesta demanda e a gente entende que é pelo receio de vir ao hospital. Aquelas que preferem ficar em casa recebem um técnico com o material e todas as orientações. Depois recolhemos este material e encaminhamos ao banco de leite”, diz Verônica.

Ela afirma que o leite materno, mesmo depois de passar pela pasteurização no banco de leite, mantém a qualidade e o benefício é muito grande. Por causa do coronavírus, foram tomados alguns cuidados.

“No caso de uma doadora apresentar sintomas gripais, suspendemos esta doação. Embora o vírus não esteja presente no leite materno e haja a recomendação para que as mães continuem amamentando, tudo é muito novo e, por precaução, a gente faz essa triagem”, explica.

Por causa da pandemia, neste ano o HU suspendeu o evento que faz em agradecimento a estas doadoras, mas o cadastro está ativo.

Embora tenha havido queda nos pontos de coleta do leite humano, a assessoria do Hospital Aroldo Tourinho, em nota, disse que “o estoque do Banco de Leite Humano está normal. Os processos de atendimento e processamento do leite não sofreram alterações durante a pandemia, pois já seguem protocolo rígido do Ministério da Saúde”.

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