Eduardo Brasil
Repórter
O vereador Rosemberg Medeiros – DEM, alertou da tribuna da câmara municipal de Montes Claros tentativa do prefeito Athos Avelino – PPS de abafar os resultados da CLI – Comissão legislativa de inquérito que constatou o desvio de recursos públicos na empresa municipal de trânsito urbano – na ordem de R$ 500 mil.
- O prefeito, diante da constatação de que sumiu dos cofres da empresa meio milhão de reais, no primeiro ano de seu governo, tenta abafar o assunto, impedindo que a CLI seja concluída com esse fato criminoso – diz ele.
Segundo Rosemberg Medeiros, o executivo teria pressionado o relator, Valcir Soares – PTB, e o presidente da comissão, Marcos Nen – PR, integrantes da bancada que lhe dá sustentação no parlamento para que protelassem a redação do documento final através da criação de fatos novos.
- O fato novo, nem tão novo assim, é que eles prorrogaram pela segunda vez a conclusão dos trabalhos, por mais dez dias. Pelo que parece, para que encontrem bodes expiatórios para a falcatrua descoberta, chegando ao cúmulo de insinuar que o sumiço do dinheiro pode ser de responsabilidade do governo estadual – atacou o vereador, referindo-se ao anúncio de Valcir Soares de que a prorrogação se dará para que setores da secretaria de Estado da Fazenda sejam ouvidos pela CLI.
- Querem que o tempo passe para que a opinião pública esqueça o assunto. Ao mesmo instante, o prefeito envia à câmara municipal um projeto de lei transformando a Transmontes em autarquia. São jogadas para desviar a atenção do povo do que realmente lhe interessa em relação à empresa – acrescentou o parlamentar oposicionista que passou à reportagem cópias do projeto do executivo dispondo sobre o contrato de gestão a ser firmado entre o município e a companhia.
- Além de ser uma tentativa de desviar a atenção para que a população esqueça o desvio de dinheiro, esse projeto trata exatamente do quê? De garantir a Transmontes mais recursos públicos - salienta.
Segundo Rosemberg Medeiros, de acordo com o artigo 8º, do projeto do executivo, a empresa, todos os anos, receberá quantias vultosas para consecução do contrato de gestão. Ele critica, ainda, justificativas do prefeito de que o repasse é necessário pelo fato de ser notório o incremento da empresa, ainda que pese sua receita não aumentar na mesma proporção.
- Conversa – retruca Rosemberg Medeiros.
Ainda de acordo com o vereador democrata, a Transmontes nada fez do que aumentar a sua receita com as multas que aplica à população. - Nos últimos três anos e cinco meses essa arrecadação aumentou e ganhou cifras milionárias. É tanto dinheiro que parte dele até sumiu e ninguém da prefeitura diz onde foi parar.
RABO PRESO
Valcir Soares, ouvido por O NORTE, negou que a prorrogação da CLI atenda a pressões do prefeito Athos Avelino, e que a administração municipal não procuraria com o recurso por um bode expiatório (muito menos o governo do Estado) para levar a culpa pelo ato que seria de improbidade administrativa, crime que prevê até cadeia para seus autores. Segundo ele, o prolongamento se fez necessário e será útil para que nenhuma dúvida paire sobre a questão.
- Não tenho rabo preso com ninguém. E a CLI não acabará em pizza. Garanto que redigirei o relatório final com base nas verdades que apuramos – garantiu, repetindo pela quarta vez a promessa de redação do documento dentro de duas semanas, emendando que nos próximos dias a comissão convocará funcionários do Estado para prestarem depoimento.
Ainda segundo Valcir Soares, a convocação atenderia a um pedido do secretário municipal da Fazenda, Henrique Veloso, que, após mostrar dúvidas sobre o que o município fez com o dinheiro com paradeiro desconhecido, informou, nesta semana, numa surpreendente retomada de memória, ter transferido corretamente os recursos (quinhentos mil reais) arrecadados em 2005, para o Banco do Brasil, que seria o caixa adequado para receber os valores arrecadados pela Transmontes.
- Resta saber por que o governo não repassou a metade desse dinheiro ao município, em 2006, já que ele teve depósito correto ano anterior – completa o relator, sem, no entanto, comentar que o procedimento do Estado se deveu à falta de prestação de contas por parte da prefeitura daquele exercício que inaugurou a administração de Athos Avelino.
- Isso também ficará claro, podem ter certeza. A população de Montes Claros precisa ter mais um pouco de paciência para que possamos apresentar um documento final sério e que seja imparcial – finaliza Valcir Soares.